segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O melhor e o óptimo




Há uns anitos valentes li uma notícia num jornal.
Contava ele que havia sido encontrada uma gravação perdida de uma interpretação de um tema de Ravel por uma diva do belo canto: Victória de Los Angeles.
Esta gravação teria sido feita em Lisboa em 1957, pela então Emissora Nacional aquando de um recital público, e teria sido afirmado que fora a melhor interpretação da canção que se havia ouvido.
Acontece que esse registo havia sido perdido nos arquivos e supunha-se que para sempre.
Felizmente que a agora Radio e Televisão de Portugal, ao digitalizar os seus arquivos, a teria encontrado e divulgara a notícia.
Sendo uma coisa boa, ao contrário do que costuma acontecer nos nossos jornais, divulguei o assunto num espaço on-line.
Passado mais de um ano recebo uma mensagem de um desconhecido, vinda dos EUA, dizendo que era um amante do belo canto, que havia lido o meu post sobre a diva e a récita excepcional e se eu lhe poderia enviar o CD que entretanto havia sido feito.
Não o consegui fazer, pois não quis ficar sem o que tinha, e não consegui obter outro. Mas fiz o que pude: copiei faixa a faixa todo o disco e enviei-lho por e-mail. Achei que tinha feito o possível.
Passados talvez dois anos recebo nova mensagem deste mesmo desconhecido.
Renovava ele os seus agradecimentos e contava uma pequena-grande tragédia: era bibliotecário, vivia e Nova Orleães e toda a sua colecção de discos, alguns bem raros, havia sido destruída pelo furacão Katrina. Salvaram-se alguns poucos exemplares. E aquilo que lhe havia enviado, que ainda estava no servidor de correio electrónico.
Por vezes, o não conseguirmos fazer o melhor resulta em óptimo!


By me

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