segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Crítica e verdade




“Aristóteles estabeleceu a técnica da fala fingida a partir da existência de um certo verosímil, depositado no espírito dos homens pela tradição, pelos Sábios, pela maioria, pela opinião pública, etc.. O verosímil é aquilo que, numa obra ou discurso, não contradiz qualquer destas autoridades. O verosímil não corresponde necessariamente ao que foi (pois não pertence à história) nem ao que deve ser (pois não pertence à ciência), mas simplesmente àquilo que o público julga possível e que pode ser totalmente diferente do real histórico ou do possível científico. Aristóteles fundamentava assim uma certa estética do público; se hoje a aplicássemos às obras de massa, talvez conseguíssemos reconstituir o verosímil da nossa época; porque essas obras nunca contradizem o que o público julga possível, por mais impossível que, histórica ou cientificamente, o seja.”
In “Crítica e verdade”, de Rolan Barthes”, 1966
É sempre esclarecedor e divertido saber o que sérios e bons pensadores produziram pouco antes de momentos importantes de viragem na história e no pensamento.

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