“Aristóteles estabeleceu a técnica da fala fingida a partir
da existência de um certo verosímil, depositado no espírito dos homens pela
tradição, pelos Sábios, pela maioria, pela opinião pública, etc.. O verosímil é
aquilo que, numa obra ou discurso, não contradiz qualquer destas autoridades. O
verosímil não corresponde necessariamente ao que foi (pois não pertence à
história) nem ao que deve ser (pois não pertence à ciência), mas simplesmente
àquilo que o público julga possível e que pode ser totalmente diferente do real
histórico ou do possível científico. Aristóteles fundamentava assim uma certa
estética do público; se hoje a aplicássemos às obras de massa, talvez
conseguíssemos reconstituir o verosímil da nossa época; porque essas obras
nunca contradizem o que o público julga possível, por mais impossível que,
histórica ou cientificamente, o seja.”
In “Crítica e verdade”, de Rolan Barthes”, 1966
É sempre esclarecedor e divertido saber o que sérios e bons
pensadores produziram pouco antes de momentos importantes de viragem na
história e no pensamento.
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