quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Conservadorismo corporativo



Numa rua em que morei existiam três cafés a uns 40 metros uns dos outros.
Não sei qual a cronologia das inaugurações, que já lá estavam quando para lá fui.
Tinham clientelas díspares até porque tinham produtos diferenciados.
Com o passar dos anos, e porque a gestão de um deles deixava muito a desejar e isso era notório, passaram a dois. Isso e a crise, que reduziu drasticamente o consumo nos cafés.
Já lá não moro e não sei como os estes dois estão. Mas a diferenciação de serviços e clientela talvez os mantenha abertos.
A isto chama-se economia de mercado e de livre concorrência: cada um abre o negócio que entende, no ramo que prefere, e enfrenta o já existente. Tal como cada um tem que ser capaz de lidar com os novos negócios que surjam, adaptando-se aos tempos e aos modos.
Não será, exactamente, o sistema que perfilho, nomeadamente em actividades vitais como farmácias, hospitais, etc. 
No caso dos táxis, a existência de um monopólio privado e a resistência deste ao que de novo surge faz-me sair do sério. 
Sim, porque o que está realmente em causa não serão questões fiscais ou de segurança. Isso são os argumentos, mesmo que válidos, que um conjunto de industriais de transportes apresentam para que o seu negócio, tradicional e monopolista, não seja posto em causa. 
Aliás, veja-se o que estes industriais fazem no que toca a novas taxas, ao sistema de coroas do “táxi voucher”, ao estado de conservação e manutenção de tantos veículos, às disputas por limitação de licenças por concelhos, à exclusividade de utilização de praças…
Não sou utilizador das novas formas de mobilidade. Estas implicam pagamentos com cartões e isso é coisa que me incomoda. Na prática, no conceito e nas consequências.
Mas o ultra conservadorismo e o querer manter monopólios e privilégios por parte dos industriais de táxi também me desagrada. 
Bom seria que eles se adaptassem à inevitabilidade dos novos sistemas de negócio, no lugar de se baterem por monopólios ancestrais. Também os cocheiros deixaram de existir, restando apenas os turísticos ou históricos. É o que lhes está reservado, com ou sem manifestações mais ou menos ruidosas.

By me

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