sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Antiguidades




São metodologias que hoje a maioria talvez não fosse capaz de praticar.
Começando por olhar os assuntos e vê-los em termos de cinza. Do negro profundo ao branco puro. Tentando reduzir todos os cambiantes de cor em termos de brilho e contraste, ignorando os contrastes de cor. Não é coisa fácil, para quem vê a cores, regista a cores e trabalha as cores.
De seguida fazer o enquadramento. Uma focal fixa é uma zoom a dois tempos: pé direito e pé esquerdo. Mas o que acaba por ser divertido é olhar para o assunto e, antes de colocar a câmara e espreitar pelo visor, ter uma noção razoável daquilo que a objectiva capta.
Verificada a perspectiva, definir a profundidade de campo pretendida. Para tal, ponderar a abertura de diafragma. E este depende da relação do seu valor, do tempo de exposição, da velocidade da película e da quantidade de luz existente. Como esta câmara está temporariamente sem medidor de luz (sem pilha) estou a usar um fotómetro manual. Em modo de leitura de luz incidente, reservando para mim a análise dos contrastes e decidir em função disso.
Feitas estas contas e cálculos, enquadrar, focar, garantir que o diafragma está realmente fechado na abertura escolhida e premir o obturador.

Nas câmaras actuais, na sua maioria, boa parte destes passos são feitos pelo “japonês inteligente” que reside na câmara. Excepção feita ao ver em preto e branco, que isso não creio que esteja automatizado.
Não será a ferramenta que faz a obra-prima. Nem eu tenho o arrojo de supor que as consigo fazer.
Limito-me tirar prazer do imaginar o resultado final que, neste caso, só verei passados uns bons dias, talvez uma semana. E usar, passados tantos anos, as técnicas que aprendi nos meus inícios é um exercício divertido.
Que, entre outras coisas, me obriga a pensar antes de premir o botão. E isso é o fundamental.



By me

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