terça-feira, 11 de setembro de 2018

Mentira fotográfica




Estas duas fotografias foram feitas há doze anos, mais ou menos uns dias. Mediou entre ambas um hora ou quase. E aconteceram no âmbito do meu projecto Old-Fashion, no Jardim da Estrela.
As fotografias que fazia eram entregues gratuitamente, o que fazia desconfiar alguns e aproveitar outros. Foi o caso.
Estes três, romenos e sabendo muito pouco de português, bem souberam o significado da palavra grátis e quiseram ser fotografados. A Fotografia da esquerda.
Feita e entregue, terá agradado, pelo que quiseram fazer outra para enviar para a terra natal. E também a queriam grátis.
Acontece que o meu projecto não era subsidiado, pelo que o orçamento era reduzido e rigoroso. E eu só fazia uma grátis, evitando entregar mais. Se instassem muito, dizia que custava cinco euros, ainda assim bem barato.
Bem que insistiram que queriam grátis, que deus me ajudaria, que seria um favor… Mantive-me firme afastaram-se.
Regressaram passado uma hora ou quase e quiseram fazer de mim tolo, dizendo-me que sendo a primeira, seria grátis.
Dei pela marosca mas achei-lhes graça. E fiz a segunda. A da direita.
No final, e enquanto conversava com um dos mais novos, ou outro rapaz veio ter comigo e entregou-me uma mão-cheia (literalmente) de pequenas moedas. Um, dois, cinco, dez cêntimos. E afirmou ser o que tinham e que seria para pagar esta segunda fotografia.
Quando se afastaram contei o pecúlio: dois euros e troca o passo.
Era o que lhes sobrava depois de terem ido às compras.
Nuca fui tão abundante e generosamente bem pago como daquela vez.

Repare-se ainda na diferença de pose entre a primeira e a segunda (para enviar aos parentes na Roménia), em que o saco de compras está em evidência: companheirismo numa (sei que não eram familiares entre si) e vitoriosos na outra. Pese embora a penúria em que viviam.

A fotografia também mente, apesar do rigor da luz e da objectividade do fotógrafo.


By me

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