Estas duas
fotografias foram feitas há doze anos, mais ou menos uns dias. Mediou entre
ambas um hora ou quase. E aconteceram no âmbito do meu projecto Old-Fashion, no
Jardim da Estrela.
As fotografias que
fazia eram entregues gratuitamente, o que fazia desconfiar alguns e aproveitar
outros. Foi o caso.
Estes três,
romenos e sabendo muito pouco de português, bem souberam o significado da
palavra grátis e quiseram ser fotografados. A Fotografia da esquerda.
Feita e entregue,
terá agradado, pelo que quiseram fazer outra para enviar para a terra natal. E
também a queriam grátis.
Acontece que o meu
projecto não era subsidiado, pelo que o orçamento era reduzido e rigoroso. E eu
só fazia uma grátis, evitando entregar mais. Se instassem muito, dizia que
custava cinco euros, ainda assim bem barato.
Bem que insistiram
que queriam grátis, que deus me ajudaria, que seria um favor… Mantive-me firme
afastaram-se.
Regressaram
passado uma hora ou quase e quiseram fazer de mim tolo, dizendo-me que sendo a
primeira, seria grátis.
Dei pela marosca
mas achei-lhes graça. E fiz a segunda. A da direita.
No final, e
enquanto conversava com um dos mais novos, ou outro rapaz veio ter comigo e
entregou-me uma mão-cheia (literalmente) de pequenas moedas. Um, dois, cinco,
dez cêntimos. E afirmou ser o que tinham e que seria para pagar esta segunda
fotografia.
Quando se
afastaram contei o pecúlio: dois euros e troca o passo.
Era o que lhes
sobrava depois de terem ido às compras.
Nuca fui tão
abundante e generosamente bem pago como daquela vez.
Repare-se ainda na
diferença de pose entre a primeira e a segunda (para enviar aos parentes na Roménia),
em que o saco de compras está em evidência: companheirismo numa (sei que não
eram familiares entre si) e vitoriosos na outra. Pese embora a penúria em que
viviam.
A fotografia
também mente, apesar do rigor da luz e da objectividade do fotógrafo.
By me
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