domingo, 12 de agosto de 2018

Massificação




Leio um artigo onde se afirma que, cada vez mais, as fotografias são parecidas e dos mesmos locais. (Se não é bem isto é parecido)
Não sei onde está o espanto para isto!
Nos USA nos anos sessenta, aquando do desenvolvimento do turismo, locais havia que indicavam que ali seria o sítio ideal para fotografar. Paisagens como o Grand Canyon ou as Cataratas do Niagara. Ou quaisquer outras icónicas ou assim decidida pelas autoridades locais.
O que significa que todos quantos iam de férias para essas zonas traziam como recordação de férias imagens feitas nos mesmos sítios, com as mesmas perspectivas. Variariam, talvez, as pessoas registadas, o clima ou a hora do dia.
Mas essas fotografias ficavam nos álbuns de férias, mostradas apenas a familiares ou amigos.
Nos tempos que correm, com a fotografia digital ao alcance todos, literalmente, e com a divulgação nas redes digitais, é bem mais fácil de constatar essa uniformidade na fotografia. Os “álbuns” estão na net, todos os podem ver e serão milhares as fotografias iguais. Milhões, talvez, se pensarmos em locais de romaria turística como Paris ou Roma.
A isto, acrescentem-se os estereótipos da fotografia. Se uma imagem agrada e é vista por alguns, será natural que se queira fazer igual ou parecido, tendo por objectivo agradar. A quem a vê ou a quem a faz. E quantas mais forem essas imagens semelhantes, mais serão os que querem fazer semelhante.
O fazer diferente implica pensar um pouco, ter um sentido crítico um pouco mais alargado, o procurar a semiótica e não apenas a estética mais ou menos garantida…
Mas, o mais difícil no “fazer diferente”, é o risco que se corre em não obter o agrado de quem as vir. Talvez que 99,999% de quem fotografa fá-lo, e para além da satisfação pessoal, para agradar a terceiros. É quase um imperativo.
E ao fazer diferente dos estereótipos corre-se o risco de não agradar. Não porque não sejam boas ou bonitas, mas porque fogem das “regras instituídas” de como fotografar naquele local ou naquelas circunstâncias.
Poucos são, por exemplo, os que perante um bonito e colorido pôr-do-sol se colocam de costas para o sol para fotografar o que está iluminado por essa tão bela luz.
Numa sociedade de consumo massificada e massificante, fotografar igual é sinónimo de sucesso.



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