As coisas são o que são na net. E uma meia mentira, repetida
até à exaustão, transforma-se numa verdade incontestada.
A menos que alguém que tem boa memória visual se sinta
incomodado e gaste algum tempo a pesquisar.
Esta fotografia está repetida vezes quase sem conta com a
seguinte legenda (mais ou menos): “Esta pequena palestiniana fugia de um
bombardeamento. Quando o fotógrafo da Reuters a quis fotografar, ela tentou
esboçar um sorriso.”
Não ponho em causa a fotografia nem o dramatismo nela
expresso, mas algo na cronologia e/ou geografia me levou a ter dúvidas sobre a
verdade da legenda nesta fotografia.
De facto, apesar de a maioria dos sites (muitas dezenas)
referirem a legenda em causa e a data (2018) fui encontrar esta mesma
fotografia em sites Turcos, datada de Março de 2017 e referenciada como tendo
sido feita no Iraque.
Da Palestina ao Iraque vai muito terreno. Bélico, já agora. E
publicar em 2017 uma fotografia de 2018… Talvez o professor Pardal.
São muitos os casos de fotografias que, podendo ser enquadradas
numa determinada história, têm uma outra verdade factual sobre o momento, o local
e as circunstâncias em foram feitas.
A manipulação da informação é fácil: basta apelar à lágrima
sobre o sofrimento alheio, no caso real, e contar sobre ela a estória que se
quiser.
Poderia eu, em o querendo, dizer que se trata de uma menina
cigana, fotografada numa das nossas feiras, depois de ter feito uma birra e ter
levado umas palmadas da mãe. Seria talvez aceite o embuste e eu ganharia uns
likes por aqui.
O meu mal é que não apenas não o digo como tenho boa memória
visual. E quando algo não bate certo com o que julgo saber, vou tratar de
averiguar. Dá trabalho, é certo, mas gosto de ver a verdade fotográfica
reposta.
By me
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