quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Liberdade




Pouco tempo depois de Abril de ’74, alguém escreveu num muro por onde eu passava todos os dias a caminho do liceu:
“Liberdade para todos menos para os fascistas”.
Entendo o sentimento da época: O regime tinha acabado de cair e haveria que vingar o passado. Mas foi uma frase que nunca me saiu da cabeça.
Apesar de adolescente ou já quase não, o meu conceito de liberdade não se conformava com isto. Afinal, a liberdade é liberdade. E a ausência, ou a prisão, só seria admissível em caso de crime provado. O simples facto de se pensar diferente não seria crime. O regime que acabava de cair tinha a mantê-lo exactamente o punir quem pensava diferente. E isso não queríamos.
Continuo a pensar da mesma forma. Pensar ou discursar diferente não é crime. Podemos não gostar. Podemos tudo fazer para que os discursos não sejam consequentes. Podemos mesmo não comparecer nos discursos.
Mas impedir discursos, impor pensamentos ou proibir pensamentos será muita coisa, mas não liberdade. E queremos liberdade. A Liberdade!

À época ou pouco depois esta era a câmara que possuía. E ainda não tinha começado a registar grafitis. Nem dos bons, nem dos maus.
Mas da minha memória ninguém tira o que vi nem a repulsa que sentia todos os dias quando por aquela pare   de passava!



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