Pouco tempo depois de Abril de ’74, alguém escreveu num muro
por onde eu passava todos os dias a caminho do liceu:
“Liberdade para todos menos para os fascistas”.
Entendo o sentimento da época: O regime tinha acabado de
cair e haveria que vingar o passado. Mas foi uma frase que nunca me saiu da
cabeça.
Apesar de adolescente ou já quase não, o meu conceito de
liberdade não se conformava com isto. Afinal, a liberdade é liberdade. E a
ausência, ou a prisão, só seria admissível em caso de crime provado. O simples
facto de se pensar diferente não seria crime. O regime que acabava de cair
tinha a mantê-lo exactamente o punir quem pensava diferente. E isso não queríamos.
Continuo a pensar da mesma forma. Pensar ou discursar
diferente não é crime. Podemos não gostar. Podemos tudo fazer para que os
discursos não sejam consequentes. Podemos mesmo não comparecer nos discursos.
Mas impedir discursos, impor pensamentos ou proibir
pensamentos será muita coisa, mas não liberdade. E queremos liberdade. A
Liberdade!
À época ou pouco depois esta era a câmara que possuía. E
ainda não tinha começado a registar grafitis. Nem dos bons, nem dos maus.
Mas da minha memória ninguém tira o que vi nem a repulsa que
sentia todos os dias quando por aquela pare de
passava!
By me
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