domingo, 19 de agosto de 2018

Fotografia (dia mundial da)




Hoje comemora-se o dia mundial da Fotografia.
Rezam as crónicas que terá sido nesta data, mas em 1839 que o governo de França terá anunciado o Daguerreótipo – o processo de registo da luz permanente, inventado por Daguerre – como um presente ao mundo, tornando gratuito os direitos de patente.
Em boa verdade, as experiências no processo já duravam havia algum tempo. E, em paralelo, havia um outro a pesquisar no mesmo campo, Foz Talbot, que reclamou a invenção. Sem sucesso e a paternidade da fotografia foi atribuída a Daguerre.
Disputas à parte, a verdade é que a fotografia veio mudar o mundo como o conhecemos.
Mostra-nos todo aquele mundo onde não fomos, porque distante ou ao virar da esquina. Mostra-nos a ciência como não a conhecemos, porque muito grande, muito pequena, ou mesmo de todo ignorada. Mostra-nos as gentes e os locais, perpetuando momentos que queremos guardar porque belos ou horrendos. Serve de documento sobre o passado e para o futuro, sobre o que somos ou fomos.
Usando de duas frases feitas, um fabricante publicitou os seus produtos fotográficos com “Para mais tarde recordar” e um mestre em fotografia afirmou que “A fotografia é a taxidermia do tempo”.
Serve também a fotografia como forma de expressão. Mais que apenas registar na matéria a luz, permite com isso materializar pensamentos e sensações. Fotografa-se uma pedra porque nos recorda o castelo, ou uma flor porque nos lembra o amor, ou uma paisagem porque é o que no momento nos apetece fazer perante a tranquilidade que sentimos, ou um rosto para traduzir os afectos perante todos os rostos.
Claro que o acto de fotografar também um acto de cobiça. Fotografa-se um pôr-do-sol ou um automóvel ou um ser humano porque deles gostamos e não os podemos possuir, ficando com o seu ícone em papel ou impulsos eléctricos.
Nos tempos que correm, a fotografia também é uma forma de afirmação social. Fazem-se e exibem-se fotografias para mostrar o quão eficiente se é no domínio das técnicas e dos equipamentos. E estes também se exibem para com eles demonstrar a qualidade do que se faz. São demasiados os que usam a fotografia para se afirmarem tão bons ou melhores que os outros. Usa-se a fotografia como forma de competição, agora que ela está ao alcance de qualquer um.

Não sou fotógrafo. Tenho a mania que sou, mas a pobreza do que faço bem demonstra o contrário.
Uso a fotografia, mais que à procura do instante decisivo ou que como documento perante terceiros, como forma de exprimir o que me vai na alma, impulsionado por aquilo que vejo e aquilo que sinto perante o que vejo. Mais que ícones do que vejo, as minhas fotografias são ícones do que sinto. Tento, em vão, materializar com elas aquilo que também não consigo demonstrar por palavras, ditas ou escritas.
Uso o tempo de exposição e a luz e a perspectiva para registar o tempo que é ou que foi, interpretado por mim, tentando contar histórias e estórias. Umas vezes mostrando a realidade, outras mostrando a realidade que sinto. Umas vezes mostrando o que é, outras mostrando o que foi, outras ainda os fantasmas que, entre o que é e o que foi, entrevejo na minha mente através da minha objectiva.

Hoje é dia mundial da Fotografia.
Sugiro-vos que, entre o instante decisivo e o para mais tarde recordar, a pratiquem. Como a sentem e não como forma de competição.



By me

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