Eu não viajo de
avião. Definitivamente.
Não que tenha
medo, nem pouco mais ou menos. Aliás, falta-me apenas andar num ultra-ligeiro,
num caça militar e num helicóptero para ter a colecção completa. E é divertido
constatar como o homem é capaz de vencer as leis da natureza, usando-as em seu
proveito, e andar lá pelos ares.
Eu não viajo de
avião porque não quero ser insultado.
Na minha cartilha
todas as pessoas são consideradas inocentes até prova em contrário. Na
sociedade securitária e vigilante, todos as pessoas são consideradas possíveis
terroristas com vontade de derrubar aviões e terão que mostrar, através das
identificações e revistas de bagagem e corporais que não tencionam fazê-lo. As
autoridades consideram todos culpados até prova em contrário.
Não é a minha
forma de me relacionar com o mundo e não aceito ser assim tratado!
E se esta minha
posição me impede de ir a alguns locais (muitos) no mundo, paciência. Há muitos
outros, belos e interessantes, que não implicam aviões.
De igual modo não
fotografo desconhecidos sem seu consentimento. Não vou impor a terceiros as
minhas atitudes e desejos de troféus fotográficos, obrigando-os a terem que se
pronunciar contra esse meu acto. A minha vontade não se sobrepõe aos demais.
Ao invés, trato de
saber se o posso fazer e apenas nessas circunstâncias dou ao gatilho. Parto do
princípio que a vontade do outro sobre si mesmo é mais importante que a minha
vontade sobre ele. Tal como o contrário é verdade.
Não quero ter que
contestar os actos de terceiros sobre mim. A minha vontade e decisão é mais
importante.
Donde: ou há
consentimento prévio ou não há fotografia.
E se isso me
impede de fazer algumas imagens bonitas ou mesmo originais, não me preocupo. O
mundo está cheio de locais, luzes e pessoas que poderei fotografar sem agredir
o menosprezar as suas vontades.
É que, na vida,
temos que ter princípios e regermo-nos por eles. Que quando abdicamos dos
princípios estamos no fim. No fim da nossa própria liberdade de acção e
decisão.
By me
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