sábado, 14 de janeiro de 2017

Em quadrado



Tenho estado a visitar a 16ª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira.
Não vou falar na importância do evento: é o décimo sexto e acontece de dois em dois anos, o que lhe dá uma solidez quase a toda a prova.
Como bom tuga, fui guardando para mais tarde tão perfeitamente que por pouco perdia as principais. Por pouco.
Uma das que vi hoje valeu por todas as outras. Eu diria que valeu pelas que vi nos últimos anos, aqui ou em qualquer outro lugar.
Feitas por João Paulo Feliciano, talvez uma trintena de fotografias espalha-se pendurada das diversas bancas do mercado municipal. Por si só o local e a forma de exibir são incomuns, para não ir mais longe. E os conteúdos também nos fazem sair do habitual.
Mas o que me encheu o olho e a alma foi ver tantas fotografias em formato quadrado. Aquele formato que sempre rejeitei, que nunca pratiquei e cujo simples olhar sempre me fez afastar.
Desta feita fiquei convencido. É possível gerir um espaço simétrico, aborrecido, em nada semelhante à forma como vemos o mundo. E de um modo harmonioso, apelativo, bonito.
Será interessante notar que o próprio espaço – o mercado – é quadrado e que as quatro portas, a meio de cada lado, são encimadas por um pequeno torrão quadrado.
Foi tão surpreendente para mim gostar de fotografias quadradas que a primeira que fiz depois de sair foi enquadrada a pensar nesse formato.
No caso, o sr. Paulo Pereira, talvez o excêntrico do mercado, que me abordou etilicamente em inglês e que quis ser meu cicerone no mercado. E, no final, quis ser fotografado com a sua bicicleta decorada com relva. Verdadeira.

Fica o seu retrato. Quadrado.

By me 

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