domingo, 15 de janeiro de 2017

O canito



Esta fotografia foi feita do quarto piso da biblioteca municipal de Vila Franca de Xira.
Ao edifício e função foi dado o nome de “Fábrica da Palavra”, bastante adequado. Tal como, acho eu, a sua integração no espaço circundante, entre o rio e o caminho-de-ferro. Gostei de conhecer.
E estive lá para ver uma exposição de fotografia, que se dividia com imagens de grande formato do primeiro ao quarto piso. Seguindo o meu hábito, vi-as por duas vezes, uma primeira numa “conversa intima” com elas, uma segunda já depois de ler o que sobre elas fora escrito e a integração no local. Manias.
Assim, tive oportunidade de assistir ao que se vê na fotografia por duas vezes, com uma boa meia hora de intervalo.
De ambas as vezes a acção era a mesma: o canito a tentar forçar a porta de alumínio por baixo.
Não será uma questão de fome ou sede, já que são visíveis tachotas próprias para o efeito, à direita. Também não será uma questão de clima: o dia estava simpático e ele tinha como fugir do frio ou do calor, procurando o sol ou a sombra.
A questão, digo eu, punha-se mesmo no facto de ele querer sair dali, apesar de ser um terraço espaçoso. Ou de querer ir em busca dos humanos que habitam atrás daquelas paredes. Em qualquer dos casos, meia hora de esforço inútil contra pedra e alumínio, no local onde ele sabe ser a saída.
Solitário.

Fica o relato e a ilustração para aqueles que dizem gostar de animais mas que os têm confinados todo o dia num apartamento ou terraço.
Será que eles são realmente felizes?

Será que vocês gostariam de assim estar?

By me

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