terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A Nikon



Foi há uns dias, já não garanto se dois se três antes do fim do ano.
No subir as escadas rolantes da estação de caminho de ferro, ficou-me mesmo à frente do meu nariz o que aqui vedes, pendurado a tira-colo de um cinquentão, seco de carnes, parco de cabelo, sorriso afável e de palavra fácil.
Como sei tudo isto? 
Porque assim que ficámos nivelados não resisti e meti conversa, solicitando autorização para fotografar a sua câmara. Eu sei que não é uma Pentax. Nem sequer é uma câmara daqueles de ficar para a história. Tal como a fotografia foi feita com um miserável telemóvel, pouco digno de registar estas coisas. Mas era o que tinha à mão…
E da conversa vim a saber que havia sido comprada pouco dias antes em Londres, um preço simpático e que incluiu um flash. E que o seu dono, o seu orgulhoso dono, não é grande conhecedor destas coisas, já que tinha a objectiva ajustada em modo macro e nem sabia o que é isso.
Mas soube-me dizer que, não sendo profissional ou mesmo amador entusiasta, acha bem mais interessante pensar a fotografia antes de o fazer e ter que esperar uns dias, por vezes mais de uma semana, antes de ver o resultado. E que esse tempo de espera faz com que cada fotografia seja única e não apenas mais uma na voragem do digital.
Pode ele não ser um grande conhecedor das técnicas fotográficas, actuais ou mais antigas. Pode mesmo nada perceber de objectivas e de modos macro.
Agora que é um amante de fotografia não tenho eu dúvida, mesmo que ele não o saiba.

Quando me afastei ainda ele não tinha colocado o primeiro rolo, que o trazia no bolso desde Londres. Mas, e disse-me ele à laia de despedida, “Estou à espera de boa luz, entende?”

By me

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