terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Jornalar
O futebol não faz
parte da minha área de interesses. Já a sua mediatização e o impacto que tem na
sociedade é outra coisa.
Ontem decorreu um
jogo entre o Vitória de Setúbal e o Benfica, com o resultado de 1-0 para os
setubalenses.
Por aquilo que
soube aqui e ali, esta vitória não acontecia há 18 anos.
Pois aquilo que
foi evidenciado em tudo quanto é lado foi a derrota de um deles.
Parece não ser de
todo importante que o Setúbal tenha ganho ao Benfica ao fim de 18 anos. O
importante é o Benfica ter perdido.
Por outro lado, se
o resultado fosse o oposto, só se falaria da vitória, e não da derrota.
Por outras
palavras, num jogo de futebol não é importante o resultado das duas equipas mas
apenas o que acontece a uma delas em função da sua popularidade. O bom e raro resultado
da equipa menor não conta para os jornalistas.
Entenda-se que
quando se fala em futebol bem se poderia estar a falar de politica, de
partidos, de sociedade, de indivíduos.
Indo mais longe:
Para os órgãos de comunicação social, importa o que acontece com os grandes.
Mesmo que isso dependa dos pequenos, estes são de somenos importância, algo
para esquecer ou mesmo nem referir.
E se estes
jornalistas fossem jornalar lá para casa e deixassem de querer impor a sua
opinião e preferências aos demais cidadãos?
By me
Comentário
Comentário de
Fantasio, colega de Gaston Lagafe, depois de ver a sua folha de vencimento e
sem saber que o intercomunicador estava directamente ligado ao gabinete do
patrão.
.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
A caneta
Falávamos de semiótica
e composição de imagem.
E eu quis
demonstrar que mesmo uma caneta, uma simples caneta, pode ter modo mais eficaz de
ser mostrado.
Pese embora na
altura não ter usado o caderno, afirmei que quando pousamos uma caneta numa
mesa o fazemos, regra geral, como na imagem de baixo: com o bico ou aparo
virado para a frente.
Fui contestado e
disseram-me que não, que a caneta costuma ser pousada com o bico ou aparo
virado para nós.
Apesar de termos
tentado reproduzir os gestos que nos são familiares, ficou cada um na sua. E eu
fiquei abalado na certeza que tinha.
Deixo-vos a questão:
quando pousam a caneta, deixam-na como na imagem de cima ou como na imagem de
baixo?
Obrigado pela
colaboração.
By me
Medo
É o medo, é sempre
o medo.
O medo do frio, o
medo da chuva, o medo da fome, o medo dos lobos, o medo dos ladrões, o medo dos
impostos, o medo da prisão, o medo do inferno… é sempre o medo.
E o poder,
instalado em parlamentos ou basílicas, aplaude esse medo, prometendo
entretanto, acabar com ele. Sem nunca o cumprir.
Que quando acabar
o medo, incluindo o “medo de não ter medo”, o poder deixa de ter coisas para
prometer. Principalmente o acabar com o medo.
Agora imaginem o
que seria isto sem gente a prometer, a impor, a proibir, a decidir sobre o que
devemos ter ou não medo.
By me
Princípios
Eu não viajo de
avião. Definitivamente.
Não que tenha
medo, nem pouco mais ou menos. Aliás, falta-me apenas andar num ultra-ligeiro,
num caça militar e num helicóptero para ter a colecção completa. E é divertido
constatar como o homem é capaz de vencer as leis da natureza, usando-as em seu
proveito, e andar lá pelos ares.
Eu não viajo de
avião porque não quero ser insultado.
Na minha cartilha
todas as pessoas são consideradas inocentes até prova em contrário. Na
sociedade securitária e vigilante, todos as pessoas são consideradas possíveis
terroristas com vontade de derrubar aviões e terão que mostrar, através das
identificações e revistas de bagagem e corporais que não tencionam fazê-lo. As
autoridades consideram todos culpados até prova em contrário.
Não é a minha
forma de me relacionar com o mundo e não aceito ser assim tratado!
E se esta minha
posição me impede de ir a alguns locais (muitos) no mundo, paciência. Há muitos
outros, belos e interessantes, que não implicam aviões.
De igual modo não
fotografo desconhecidos sem seu consentimento. Não vou impor a terceiros as
minhas atitudes e desejos de troféus fotográficos, obrigando-os a terem que se
pronunciar contra esse meu acto. A minha vontade não se sobrepõe aos demais.
Ao invés, trato de
saber se o posso fazer e apenas nessas circunstâncias dou ao gatilho. Parto do
princípio que a vontade do outro sobre si mesmo é mais importante que a minha
vontade sobre ele. Tal como o contrário é verdade.
Não quero ter que
contestar os actos de terceiros sobre mim. A minha vontade e decisão é mais
importante.
Donde: ou há
consentimento prévio ou não há fotografia.
E se isso me
impede de fazer algumas imagens bonitas ou mesmo originais, não me preocupo. O
mundo está cheio de locais, luzes e pessoas que poderei fotografar sem agredir
o menosprezar as suas vontades.
É que, na vida,
temos que ter princípios e regermo-nos por eles. Que quando abdicamos dos
princípios estamos no fim. No fim da nossa própria liberdade de acção e
decisão.
By me
domingo, 29 de janeiro de 2017
Nada de novo
Antes que o sol se
esconda de vez atrás de um horizonte apenas sabido porque tapado por nuvens baixas
e molhadas, vou buscar pão.
Na sala do fundo,
três homens sentados e um de pé concentram-se num ecrã onde um jogo de futebol
se vai desenrolando, felizmente que em silêncio. Na mesa, junto a eles, três chávenas
de café, vazias, três cálices ainda em uso e duas garrafas de mini. Vazias.
Na sala da frente,
cinco mesas ocupadas.
Em três delas a
actividade dominante é a consulta do telemóvel. Incluindo duas amigas balzaquianas,
sentadas frente a frente.
Numa outra, um já idoso
jogador debate-se com o cálculo de probabilidades das apostas mútuas da Santa
Casa. A mesa está coberta de papeis e boletins, que disputam lugar com uma chávena,
um cálice. Vazios. E duas canetas.
Na quinta mesa um
casal que faz questão de se manter informado. Ele num jornal desportivo, ela
num jornal generalista de má fama. Não há espaço na mesa para que possa lá
estar loiça de qualquer género.
Cá fora os
contentores de lixo transbordam. Hoje é domingo e ontem foi sábado. Mas parece
que há quem não tenha agenda.
No chão entre eles
o lixo que escorrega, onde se evidencia um sapato solitário. Mais um, no meio
de tantos que se vão encontrando, ainda que nem todos em evidência.
Ao entrar no prédio,
seguro a porta para que uma família de vizinhos entre, fugindo da chuva. Nem agradecem
o gesto nem respondem à saudação, limitando-se a, sempre em silêncio,
abarbatarem-se com o único elevador que está no piso zero e seguirem da direcção
oposta à minha. No outro, que entretanto chegou, imperava um odor de mistura
entre humidade e fumo de tabaco. No chão, duas folhas de publicidade comercial,
uma delas de pequeno tamanho e oferendo os préstimos de um
canalizador/pedreiro/reparador de electrodomésticos. Na minha caixa de correio
estarão dois iguais, mas hoje não a abri.
Nada de novo,
nesta tarde de domingo numa rua de um bairro suburbano. Classe media/baixa,
baixa.
By me
Arames farpados
Muito se vai falando e protestando contra o tal muro
a construir ou completar entre os EUA e o México.
Pouca atenção mereceram, no entanto, os muros, as
vedações e as patrulhas de milícias que bloquearam e bloqueiam a entrada na
Europa dos que fogem da guerra. Sabemo-los agora à fome e ao frio, dependentes
de boas-vontades que são sempre insuficientes, mas pouco disso se fala ou pouco
sobre isso se protesta.
Já nem queria referir – mas não posso deixar de o
fazer – os muros, vedações e patrulhas militares bem armadas que impedem a
livre circulação nos territórios ocupados por Israel na Palestina.
Não sejamos hipócritas e façamos os nossos protestos
coerentes e não dependentes de modas ou interesses mediáticos controlados por
vontades políticas não confessas.
By me
.
Vejamos as coisas da seguinte forma: Eu não posso
mudar o mundo.
Mas posso e devo mudar um pouco do que está ao
alcance da minha mão, da minha voz, do meu olhar.
Bt me
sábado, 28 de janeiro de 2017
.
No espaço de uma
semana, pouco mais ou menos, tropeço em diversas publicações on-line onde se
usa o termo “distopia”.
O interessante é a
palavra ter sido usada tanto em espaços mediáticos (jornais) como em espaços
privados ainda que públicos (blogs).
Vou acreditar que
o uso intensivo deste termo e respectivo significado em nada se prende com a
recente política internacional.
Nota adicional:
procurem vocês, que não vos posso fazer a papinha toda.
.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Incómodos
Há um montão de
gente revoltada com o discurso do dono de uma cadeia de cafés e “padarias”. Faz
sentido.
O que ele disse é
fétido!
O que torna a
coisa realmente grave é haver tantos empresários a pensar e a agir como ele
pelo país fora. Gente a quem não deram a notoriedade de uma entrevista e que só
os seus trabalhadores sabem o quão mal são tratados e pagos.
E nós deixamos!
By me
The show must go on
Não é por ser uma
velharia com mais de trinta anos de fotografado e mais de dez de escrito que
deixa de ser verdade. Aqui fica:
O meu primeiro
trabalho profissional em fotografia foi no teatro. Ou, de outra forma, o meu
primeiro trabalho pago em fotografia.
Tratava-se de uma
companhia que já existia antes da revolução e cujas peças e trabalhos tinham
andado a fintar a censura e a polícia política. Em acabando ambos, manteve o
conceito de “Teatro de intervenção”, desta feita sem as peias censórias de
então.
Os anos que para
eles trabalhei, já em democracia entenda-se, foram para mim um manancial de
aprendizagens, que não apenas em fotografia: o género humano, o audiovisual, o
teatro, a arte, o que é ser criativo usando mensagens à sociedade e viver
disso.
Acontece que,
passados quase dez anos sobre o 25 de Abril, o público já não tinha grande
apetência para assistir a teatro em que para além da função lúdica também o
levasse a pensar. Tendência esta que se manteve e tem vindo a aumentar, diga-se
em abono da verdade.
Assim, havia dias
de representações em que havia mais gente em palco a representar que sentados
na plateia a ver fazer. Por vezes, era confrangedor estar ali, pensando que era
da receita da bilheteira, ou pouco mais, que eles viviam.
Apesar disto,
nunca se suspendeu uma representação em que houve um só que fosse espectador. E
o empenho de quem dava corpo e cara às personagens nunca esmoreceu, pese embora
haver dias de menos ânimo.
Deixei de
trabalhar para eles ao fim de três anos, levado pelo desejo de enfrentar novos
desafios fotográficos. A companhia encerrou passados bastantes anos, por morte
da directora e encenadora.
Do edifício resta
uma ruína que em breve o camartelo e as políticas urbanísticas do município
reduzirão a coisa nenhuma. Mas o que nunca se apagará ou enterrará são as
memórias de quem frequentou aquela plateia e de quem representou naquele palco.
Tal como aquilo que com eles aprendi.
E, neste momento
em particular, recordo um aspecto fundamental:
A comunicação e a
expressão criativa têm que se manter a todo o custo. E enquanto houver uma só
pessoa que queira receber o que há para contar o espectáculo continua. Mesmo
para além desse ponto!
E se esta não
fosse a centelha motivadora, ou uma delas, quantos pintores, escritores,
compositores, teriam desistido da sua actividade, por o seu trabalho não ser
reconhecido na sua época?
Hoje, temos a
herança cultural que temos!
E isso é das
coisas boas que recebemos e que podemos e devemos conservar e aumentar para os
vindouros!
By me
Tempo
Sei que haverá
quem olhe para esta imagem e se questione se eu terei algum problema sério com
ampulhetas.
Não tenho! Mas
tenho várias ampulhetas.
E é certo é que é
uma boa forma de ver passar o tempo, o escorrer da areia.
Quer seja o tempo
bom, que seja o tempo mau.
Destes dois,
decidir sobre qual é qual fica ao vosso critério.
By me
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Estatísticas
Um estudo que
seria interessante realizar (se é que não é feito mas sem divulgação) seria a
variação em percentual e grau de gravidade nas admissões das urgências do país
esta noite a amanhã de manhã, com vítimas de violência doméstica.
Que, por aquilo
que conheço de algumas pessoas, hoje “vai haver festa” lá em casa com este
resultado de futebol.
By me
Aromas
Alguém será capaz
de me explicar, porque não encontro eu explicação, o motivo de só agora,
passado um ano de ter parado de fumar, me incomodar o aroma dos escapes dos automóveis?
By me
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
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Quando, num futuro
distante, os historiadores estudarem os nossos tempos, acharão que somos uns
idiotas chapados.
Muitas e variadas
guerras, fome por todo o lado, destruindo o planeta a todo o vapor…
E, no entanto, em
todas as fotografias individuais ou de grupo as pessoas fazem questão de
estarem a rir ou sorrir.
A questão é:
riem-se de quê? Se é do mundo em que vivem, são perfeitos idiotas.
.
.
Eu diria que esta
será a questão mais pertinente a ser discutida nesta legislatura.
Muito para além
das questões orçamentais, salariais, códigos de trabalho e de impostos e demais
legislação avulsa.
Tão importante
quanto a IVG ou o casamento ou adopção por casais do mesmo sexo.
Falamos de questões
éticas da maior importância, que passa pela total liberdade de cada um poder
decidir sobre si mesmo.
.
“A máquina
fotográfica” de José Carlos Ary dos Santos
É na câmara escura
dos teus olhos
que se revela a
água
água imagem
água nítida e fixa
água paisagem
boca nariz cabelos
e cintura
terra sem nome
rosto sem figura
água móvel nos
rios
parada nos
retratos
água escorrida e
pura
água viagem
trânsito hiato.
Chego de longe.
Venho em férias. Estou cansado.
Já suei o suor de
oito séculos de mar
o tempo de onze
meses de ordenado;
por isso, meu
amor, viajo a nado
não por ser
português mal empregado
mas por sofrer dos
pés
e estar desidratado.
Chego. Mudo de
fato. Calço a idade
que melhor quadra
à minha solidão
e saio a
procurar-te na cidade
contratada
violenta negativa
tu única sombra
murmurada
única rua mal
iluminada
única imagem
desfocada e viva.
Moras aonde eu
sei. É na distância
onde chego de
táxi.
Sou turista
com trinta e seis
hipóteses no rolo;
venho ao teu
miradoiro ver a pista
trago a minha
tristeza a tiracolo.
Enquadro-te
regulo-te disparo-te
revelo-te
retoco-te repito-te
compro um frasco
de tédio e um aparo
nas tuas costas ponho
uma estampilha
e escrevo aos meus
amigos que estão longe
charmant pays
the sun is shinning
love.
Emendo-te
rasuro-te preencho-te
assino-te
destino-te comando-te
és o lugar
concreto onde procuro
a noite de
passagem o abrigo seguro
a hora de acordar
que se diz ao porteiro
o tempo que não
segue o tempo em que não duro
senão um dia
inteiro.
Invento-te
desbravo-te desvendo-te
surges letra por
letra, película sonora,
do sentido à vogal
do tema à consoante
sem presença no
espaço sem diferença na hora.
És a rota da Índia
o sarcasmo do vento
a cãibra do
gajeiro o erro do sextante
o acaso a maré o
mapa a descoberta
num novo
continente itinerante.
Imagem: by me
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Sinto-me estúpido mas tranquilo
Por vezes sinto-me
estranho.
Em querendo
atravessar uma rua, numa passadeira com semáforos, faço questão de esperar pelo
“meu” verde.
Não se trata de
querer cumprir qualquer código escrito, ou de querer evitar uma eventual multa
de trânsito (elas estão previstas para peões, mas não sei de ninguém que dela
tenha sido objecto).
Mas é certo que a
estrada pode ser perigosa, pelo que haver um tempo para uns e um tempo para
outros faz todo o sentido.
Tal como faz
sentido que, em embirrando eu que os automóveis ocupem os passeios ou que não
respeitem os sinais vermelhos, terei eu que ser cumpridor dos códigos
existentes. Querendo para mim toda a prioridade com o sinal verde, recusando
atravessar com o sinal vermelho.
Ora, por vezes,
sinto-me como que um alienígena, parado no passeio, não vendo nenhum carro a
menos de 100 ou 150 metros, o sinal vermelho para mim e todos os peões a
passarem, com a maior das naturalidades. Os olhares estranhos que os demais peões
me lançam são, no mínimo, credenciais para admissão imediata num qualquer asilo.
Mas, do meu ponto
de vista, se exijo que me respeitem, tenho que ser o primeiro a respeitar os
demais. Mesmo que às 11 da noite, sem carros à vista.
Quanto ao resto, a
tranquilidade da minha consciência é bem mais importante que os olhares que
recebo e, sabe-se lá, os mimos que a meu respeito são ditos.
By me
.
Para os que gostam
de usar letras para formar palavras, usar palavras para formar frases, usar
frases para formar texto mais eleborado que publicam nas redes sociais, uma
informação:
A segunda pessoa
do singular do presente do indicativo do verbo ver – viste – não requer hífen (tracinho
para os amigos).
O mesmo se aplica
no verbo ouvir, vir, cair, ler, comer, fazer…
Da mesma forma que
usais as publicações de terceiros para o vosso mural, tal como ligações a
jornais e outras fontes de rigor duvidoso, não seria mau que tivésseis nos
vossos “favoritos” um dicionário, daqueles simples em que basta introduzir a
palavra e logo vos é mostrado se está correcta ou não e que significado tem.
Obrigado e
desculpem qualquer coisinha.
domingo, 22 de janeiro de 2017
Poluições
Muito se fala, nos
tempos que correm, de poluição. Dos rios e mares, da atmosfera, das florestas…
Mesmo em termos
fotográficos falamos de poluição, mas luminosa.
Mas há uma outra
forma de poluição de que raramente se fala mas que a todos afecta: a sonora.
São os ruídos das
cidades, com as suas maquinarias fixas ou móveis, é o “gralhar” constante dos
aparelhos de comunicação, mesmo que quando de imagem, é o “palrar” ininterrupto
de alguns humanos que parecem animados do “moto continuo”… é um sem fim de barulhos
e ruídos, alguns dos quais bem difíceis de evitar.
Mas não todos. Há
barulhos, ruídos, poluição sonora que podemos neutralizar ou minimizar, se a
isso nos dermos ao trabalho.
Um dos exemplos é
a chamada “música” que temos que ouvir em alguns transportes públicos. Ou
noticiários. Ou relatos de futebol. Não suporto estes últimos e tudo faço para
deles fugir. Que já bem basta o que tenho que suportar por motivos
profissionais.
Em regra, ao
entrar num táxi e se estiver o rádio sintonizado num relato de futebol, peço ao
motorista para desligar o aparelho. Não tenho que ouvir aquilo e creio ser meu
direito recusar ouvir aquilo.
Mas nem todos
acatam de bom grado o pedido. Alguns protestam o meu protesto, outros
transformam a viagem tranquila numa montanha russa de feira popular. Alguns,
poucos, recusam.
E hoje foi o caso.
Não tive muito que
saber.
Na primeira
ocasião em que o táxi parou num semáforo saí. E, pela janela da frente do lado
direito fiz o pagamento do que o taxímetro marcava.
Tratei de esperar
a passagem de outro, que o local era bom para isso, enquanto aquele ficou
parado dentro do carro no meio da rua com cara de parvo a olhar para mim.
Se todos nós
agíssemos em conformidade quando nos sentimos incomodados ou mesmo agredidos,
no lugar de apenas encolhermos os ombros, a vida por estas bandas seria muito
mais fácil e agradável.
By me
Ferramenta
A história li-a já
não sei onde nem quando, e era mais ou menos assim:
Um fotógrafo de um
jornal queixava-se ao director da qualidade do material que lhe forneciam para
fazer as reportagens.
“Ainda se, ao
menos, tivesse uma daquelas da última geração, com aqueles pixels todos e
aquelas objectivas…”
A resposta foi
lapidar:
“Acha que é a
ferramenta que faz o génio? Então tome!” e entregou-lhe uma caneta Mont Blanc,
em ouro, que tirou do bolso do casaco. “Vá escrever um best seller.”
By me
sábado, 21 de janeiro de 2017
Camisas e ética
Foi há uns trinta
anos, pouco mais. Não posso precisar.
Fui contratado por
uma agência para fazer as fotografias de uma campanha publicitária de uma
fábrica de camisas. Um trabalho de envergadura, com produção complexa, que
envolvia fotografar modelos em locais alugados, o produto acabado em lojas e a
fábrica em laboração.
Fotografado em
formato 9x12, com uma câmara Linhof que havia comprado pouco tempo antes.
Quando o trabalho
me chegou às mãos já quase tudo estava combinado entre o produtor e o cliente,
ficando a meu cargo as questões técnicas e estéticas, e pouco de publicidade ou
comunicação.
O trabalho correu
mais ou menos bem, com alguns episódios caricatos e algumas falhas da minha
parte, mas que fui resolvendo como podia.
O último dia de
produção era na fábrica. A mais complicada em termos de luz, considerando a
enormidade do espaço: uma nave grande, cheia de gente a costurar, com uma
mistura de luz natural entrada pelas janelas e telhado e luz fluorescente vinda
do tecto. Um pesadelo, se considerarmos que o trabalho era a cores e não havia
photoshop para correcções posteriores.
Enquanto o
produtor e o cliente ficavam à conversa, eu passeei-me pelo espaço, tentado
senti-lo: máquinas, pessoas, luz, acções…
E apercebi-me de
sorrisos constrangidos das senhoras que iam costurando ou cortando as peças de
tecido. Fui metendo conversa com elas.
Fiquei sabendo que
tinham sido avisadas da nossa vinda, que haveriam de vir com uma bata lavada e
penteadas para as fotografias. Mas bastantes, algumas com idade para serem
minhas avós, não queriam ser fotografadas. Ou por timidez, ou porque não
gostavam da forma como ali eram tratadas, ou tão simplesmente porque não
gostavam de fotografias. Sempre em tom baixo de conversa, não fosse serem
ouvidas.
Eu era ainda puto,
a experiência reduzida e o trabalho poderia lançar-me para outros voos. Mas
aquilo foi-me batendo forte. Muito forte! Eu iria fotografar gente que não
queria ser fotografada mas que era obrigada a isso pelo patrão. Não gostei. Nem
um nico!
Regressei para
junto do grupo que me aguardava: O dono da fábrica, a sua secretária, o
produtor e o Jorge F., o meu assistente, inigualável no seu desempenho, que me
entendia e me completava nas tarefas como nenhum outro com quem trabalhei. E
disse-lhes que o trabalho não podia ser feito como combinado.
Ficaram a olhar
para mim com ar espantado. E expliquei com argumentos técnicos e estéticos não
iriam ser possível fazer boas imagens com a presença humana, já que ficariam
tremidas ou com cores estranhas e que a solução seria fotografar a fábrica e a
maquinaria por pedaços em vez de por inteiro e sem a presença das operárias.
A discussão foi
renhida, entre mim, o dono da fábrica e o produtor. De parte, o Jorge, junto da
tralha entretanto já descarregada, olhava para mim e sorria discretamente.
Disse-me, mais tarde, que havia percebido o que eu queria com aquilo.
Acabei por ganhar
a batalha. Afinal, mesmo sendo puto, eu era o “expert” na coisa e aquilo que
propunha não iria alterar em muito o conjunto do projecto inicial. E, depois do
almoço, a produção parou por algumas, não muitas, horas.
As imagens foram
feitas, com as máquinas bonitas, brilhantes e eficientes, com peças a meio do
tratamento tanto de corte como de costura ou dobragem e embalamento. Mas sem
ninguém contrariado nelas. Nem com sorrisos contristados nem com mãos calejadas
ou com cicatrizes.
Quando, no final
dos trabalhos, estávamos a arrumar a tralha e as operárias regressaram às suas
máquinas, os sorrisos de algumas pagaram muito bem pago o só ter feito mais um
trabalho, já agendado, para este produtor.
Ainda hoje as
recordo.
Nota extra: A
fotografia não é da época. Os originais, em diapositivo 4x5, foram entregues ao
cliente na altura. Esta foi feita ali, a correr, para acompanhar o texto.
By me
Garfos e bolos
É uma certeza com
validade de 99%:
As pastelarias que
apresentam aos clientes garfos destes, quase em desuso, têm uma qualidade
superior nos bolos e pasteis que vendem e/ou fabricam.
Não faço uma
verificação prévia desta observação, mas sempre que vejo surgir um garfo assim
começo a salivar, mesmo antes de ver o bolo.
Creio que o motivo
passa pelo facto de que quem se preocupa em ter para apresentar este tipo de
talheres preocupou-se antes, e muito, com a qualidade dos produtos que tem.
Deixo ao vosso
cuidado o confirmar ou contestar tal regra.
By me
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
Um livro
É daquelas coisas
que faz descrer no actual sistema de comércio.
Preciso de um
livro. Sei o título, sei o autor, sei a editora.
Vou a uma
livraria, daquelas antigas, onde quem lá trabalha gosta e sabe de livros.
Perante o pedido e
consultado o computador, sou informado que não têm mas que podem tentar
encomendar. Será coisa de dez a quinze dias.
Em alternativa,
dizem-me, posso tentar a outra livraria ali da rua.
Conheço a outra
livraria. Também antiga, aliás muito antiga, tem lojas espalhadas pelo país e
venda on-line. Vou lá.
Quem me atendeu
também consultou o seu computador, uma consulta um pouco mais demorada, e
diz-me que não, que possuem. Nem em loja física nem na on-line.
Só não a informei
da atitude dos seus vizinhos livreiros porque não quis estragar, com o meu
discurso, a satisfação de ter ali ao lado comprado um outro com que não estava
a contar.
Mas tenho dúvidas
sobre o voltar a ter vontade de cruzar aquela porta.
O livro-surpresa? Este.
By me
.
Fui à varanda ver
como estava o tempo e fiquei boquiaberto!
Então não é que
estava um pinguim a subir a rua!?
Esfreguei os
olhos, só para ter a certeza, e não hesitei um instante:
Voltei para dentro
para ir buscar a câmara fotográfica com uma objectiva de jeito. Isto tinha que
ficar bem registado.
Quando regressei já
tinha passado.
Encostei-me à
ombreira da janela frustrado, a pensar na coisa, e percebi tudo:
Eu estava com
alucinações provenientes das baixas temperaturas. O que subia a rua era uma
vizinha, que é freira.
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O meu tio
Os tios são aquela
figura de que toda a gente fala. E eu não serei excepção.
O meu tio Artur
era uma figura impar. E em boa verdade era meu tio-avô e faleceu era eu catraio
pequeno.
Dele guardo
algumas recordações. Não muitas, porque o nosso convívio foi diminuto, mas
intensas. E histórias, que se contam ou contavam na família.
Uma delas refere a
sua vida amorosa.
Namorava ele uma
moça na sua juventude quando cometeu o erro de “dar uma facadinha no namoro”. E
foi obrigado a casar com ela, que os tempos eram outros.
Mas afectos são
afectos E mandam mais que regras sociais ou voltas de relógio.
E quando ele
enviuvou, casou com a namorada da sua juventude distante.
O que recordo dele
e dessa minha segunda tia é serem um casal de velhinhos muito velhinhos mas
sempre felizes e sorridentes.
Se fosse vivo esse
meu tio teria uma idade que o faria constar de um qualquer livro de records. E
sendo certo que não sei a sua data de aniversário, daqui lhe acendo e apago
umas velinhas.
Parabéns a você,
nesta data………
By me
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Canecas
Parece ser uma
obrigatoriedade que os apresentadores de “talk shows” que o fazem sentados em
frente a uma mesa com os convidados num sofá tenham, para si, uma caneca na
mesa. Suponho que para irem molhando a boca e garganta, que muito secará do
muito que falam.
O que é
interessante é que as canecas são invariavelmente opacas. De loiça.
Impedindo-nos de saber, com rigor, aquilo que usam para se “hidratarem”.
Se calhar até é
melhor assim.
By me
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Um dos requintes
da chicana jornalística é vir a terreiro divulgar quais os bens que os filhos
de Mário Soares irão herdar.
Mais ainda: a própria
notícia diz que o testamento não é público.
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Política à margem de partidos
Esta senhora que
conheço tem quase trinta anos e conta que é originária de uma família humilde,
que o pai saiu do país cedo e que tem mais de onze tios, todos criados com
muita dificuldade.
Apesar de tudo
isso, e do mais que não contou nem conto eu, conseguiu concluir um curso
superior. E que o trabalho que agora tem, apesar de ser na linha do seu curso,
ainda não é o que ambiciona. Diz ela que não desiste de o conseguir.
Até aqui tudo bem.
Só posso aplaudir o seu esforço e empenho, bem como o sucesso. E o não baixar
os braços e continuar a lutar pelo seu sonho. É de gente desta que precisamos,
aparentemente. É que…
É que me dói a
alma, bem lá no fundo, o ela assumir-se de direita!
Não isso em
particular, que muitos são os que afirmam e que parece que o praticam, mas que
no fundo o fazem como forma de afirmação social ou de identificação grupal.
O que me dói é ela
defender, convicta, a fractura social e a separação de classes. Bem como a
indiferença para com os que não conseguem, por motivos endógenos ou exógenos,
triunfar como ela.
Pior ainda, o
afirmar sem pejo que aqueles que não têm capacidades que se cuidem. Que a
sociedade não tem que os apoiar e que “Se não conseguem, temos pena!”
O que me assusta
nesta senhora, quase que ainda mocinha, é que o mais natural é ela vir a ser
“engolida” pela máquina trituradora que é a sociedade em que vivemos. E que
mesmo que sobreviva (e desejo bem que sim e que concretize os seus sonhos) será
sempre uma frustrada, que haverá sempre alguém que lhe provocará “inveja”, pois
conseguiu ir ainda mais longe que ela.
É que, nesse seu
anseio e frustração, aumentará o desprezo e indiferença para com aqueles que
não têm a sua força e capacidade.
Tenho pena por
ela, que irá sofrer, pois irá encontrar no seu caminho gente tão ou mais
ambiciosa que ela pela vitória e poder. E que a tratará exactamente como ela
trata os que lhe estão “abaixo”.
E tenho pena de
todos nós, pois que ela não é caso isolado. É que não são tão poucos quanto
isso os que ombreiam na sua forma de pensar e agir. Do mesmo grupo etário. E
muitos com o mesmo tipo de origens humildes mas honrosas.
O Homem é o único
que mata o seu igual por “dá cá aquela palha”. E esta mulher e os seus
semelhantes, são bons representantes do género humano como o conhecemos hoje.
Mas, apesar disso,
ainda somos bastantes os que por cá andamos a fazer o possível para que, se ela
falhar ou se ela necessitar, tenha o apoio de que irá precisar por parte de
quem a cerca: todos nós. Esse mesmo apoio que ela agora nega aos outros.
Tal como farei –
faremos – os possíveis por inverter este processo social e transformar o mundo
num local onde gostaria que os meus filhos vivessem.
Que não o é hoje
por causa de pessoas como ela.
By me
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Contestação
Num fórum a que
pertenço, li que:
“A arte é uma
impossibilidade, uma coisa inútil. Que alguém me diga como através de alguma
obra de arte conseguiu-se algum objectivo social ou massivo. Que através do
"Guernica" de Picasso (uma das obras mais belas do autor)
conseguiu-se parar alguma guerra. Ou através de alguma foto se obteve algum
tipo de consciencialização de alguma coisa. Fotos são premiadas, obras
(pinturas, músicas, obras literárias o que for) são aclamadas, distribuídas e
visitadas, porém, nossas sociedades se atem a outro tipo de influências onde a
arte está tão longe quanto a bela lua.”
Vou deixar de
parte a enorme dificuldade que eu tenho em saber o que é uma “obra de arte”,
quanto mais uma “fotografia artística”!
Entendo que a
arte, nas suas manifestações efémeras como o canto ou o bailado, nas suas
manifestações portáteis, como a literatura, a pintura e, porque não, a
fotografia, ou nas suas manifestações inamovíveis, como a arquitectura, será o
alimento que nos distingue dos demais seres vivos.
Não será um
quadro, uma balada ou um palácio que matará a fome de quem está a morrer dela.
Muito provavelmente, todo o investimento pessoal e material na sua criação
evitariam essa mesma morte.
Mas quantos são
aqueles que, para se expressarem, para criarem, para conceberem e
materializarem uma obra de arte, roçam o limiar da morte? Quer seja a “fome
física” (veja-se Miró e as suas abstinências quase limite), quer seja a “fome
intelectual”, quase raiando ou mesmo ultrapassando o chamado “limiar da
sanidade”.
Efectivamente, não
será por se ouvir uma sinfonia, ver uma fotografia ou mergulhar num poema que
enchemos a barriga, ou curamos uma doença. Mas, garantidamente, ao
confrontarmo-nos com uma “obra de arte”, aquele outro aspecto de nós, aquele
que não quer saber de comida, de saúde ou de abrigo, se aquece, cresce, alegra
e fica feliz.
Mal comparado (ou
talvez não tanto), e que me perdoem se ofenderei alguma sensibilidade, a arte
poderá comparar-se ao conceito de religião, em que o ir ao templo, o orar, o
possuir um ícone, conforta os crentes, aliviando-lhes a alma das maleitas
terrenas.
O criar ou admirar
uma “obra de arte” tem ou pode ter o mesmo efeito. A paz, o confronto de
ideias, a surpresa de quem vê ou o esforço de quem a cria, com as tentativas e
erros, os esboços, o tempo de meditação em torno da forma ou do conteúdo, tudo
isto de alguma forma conforta a alma, seja qual for o nível de sofrimento
físico que se possua.
Dizer que “A arte
é uma impossibilidade, uma coisa inútil” será remetermo-nos a um estado
meramente animalesco, em que nascemos, crescemos, reproduzimo-nos e morremos. E
nada mais!
Na sociedade em
que vivemos, com o imediatismo dos media e das velocidades de comunicação e de
consumo, a produção e o usufruto da “arte” estão em risco.
Ainda mal acabámos
de ver um quadro, ouvir uma voz ou apreciar um filme, já aí está outro que o
substitui, que tenta ir mais além e vender mais. E aquele que acabámos de ver
já se diluiu confrontado com o novo.
Porque o problema,
se o houver, nos tempos que correm no que à criação de “arte” diz respeito,
prende-se com o seu valor comercial. Produzir e vender!
Tal como a “fast
food”. Comer e defecar. O prazer e a satisfação do palato pouco ou nada contam.
Assim é com as “criações artísticas”. Aos consumidores não é dado tempo de as
apreciarem, de as deglutirem, de as mastigarem e encherem a “boca da alma” com
os seus paladares. Considera-se uma “obra de arte” a que mais zeros tiver no
seu preço e mais guardas à sua volta.
Dir-me-ão alguns
que os escravos que ergueram o que nos resta da arquitectura ou escultura Grega
ou Romana, que os mortos que inspiraram a “Guernica”, que as crianças de dez
anos e que pesam 6 quilos nos terceiros mundos deste mundo e os que desfalecem
a 50 metros de um hospital por não terem como pagar a conta, nada se importam
com a “arte”. Com a “arte” como a conhecemos e aqui a descrevemos. Verdade! Ou
talvez não!
Porque esses
mesmos, nesse sofrimento que só conhecemos por ouvir falar ou pouco mais,
trauteiam uma música, moldam um pedaço de barro ou misturam algumas cores.
Procuram, de alguma forma, materializar o seu estado de alma sem saber o que é
“arte”, “correntes estéticas” ou “galerias e galeristas”. Procuram, desta forma
humilde e nada académica, um escapismo, um exorcismo ao que pensam, sentem e
sofrem. É uma forma de fugir ao mero animal que não somos, é o ultrapassar o
físico em busca de uma outra satisfação de necessidades.
A isto, poderia eu
chamar “uma manifestação artística”, se soubesse o que é arte.
Texto: by me
Imagem: “Cabbage Leaf”, by Edward Weston, 1931
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
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Com a sua "Alegoria da caverna", Platão foi o primeiro a debater a importância da imagem na sociedade.
.
.
.
Está a fazer-me
falta ver o trabalho de outros.
Não apenas dos
meus patrícios, por muito bons que sejam e são, mas os trabalhos feitos noutros
lugares, onde outras vivências conduzem a outras concretizações.
Na fotografia também.
Em tempos ia-se a algumas
casas em Lisboa e encontravam-se revistas Francesas, Inglesas, Norte
Americanas, Italianas, Espanholas, até Alemãs.
Tinham artigos técnicos,
divulgavam fotógrafos internacionais mas também nacionais, permitindo que ficássemos
com uma ideia do que se ia fazendo naquele país.
Hoje o que
encontramos por cá são revistas portuguesas e francesas.
Para mim é curto!
É que, e não nos
enganemos, ver fotografias numa revista ou livro ou vê-las no ecrã de um
computador é tão semelhante quanto comer um cozido à portuguesa num restaurante
ou um hambúrguer num fast-food.
Faz-me falta ver o
trabalho de outros!
By me
Conflitos
Esta é uma teoria
minha, velha de quase uma dezena de anos.
Claro está que
sempre foi olhada de lado, classificada de “conspiração” e eu encarado com olhares
condescendentes.
Mas aqui fica, uma
vez mais:
Atravessamos nós,
seres humanos, aquilo a que se pode chamar de “terceira guerra mundial”.
Será mundial
porque cobre todo o planeta; Será terceira porque já aconteceram duas; Já o ser
“guerra” é-o, ainda que não o pareça.
São três as potências
que se batem pelo controlo total: Europa (ou EU), China e USA. Poderia
incluir-se a Rússia, mas a forma de “combater” ainda não foi assumida por eles.
Porque o combate não
acontece com armas e explosões. As munições são económicas e o objectivo será
cumprido quando o adversário estiver economicamente dependente do vencedor. O
resto, as leis e as ordens, surgirão como que naturalmente, ditadas por quem
estiver a decidir o que vestir, o que comer, quantas horas e dias e anos de
trabalho, o que pensar ou não pensar…
Acontece que é difícil,
para não dizer impossível, que três adversários se combatam entre si em permanência
e sem alianças. O esforço de guerra é particularmente elevado e as
probabilidades de vitória de qualquer um deles muito diminuta.
A alternativa é o
que sucede agora e desde há uns anos: dois deles, em conluio ou não, atiram-se
ao mais fraco até o aniquilarem ou deixarem em estado de não provocar estragos.
Só depois tentam resolver as coisas entre si.
Repare-se como a
Europa tem sido agredida, enfraquecida, minada, tanto do ponto de vista político
como económico, pelos outros dois gigantes.
E agora, que por cá
se entrou num curso descendente quase sem paragem possível, começam os outros
dois a digladiarem-se. Com questões políticas, com questões económicas,
envolvendo mesmo alguns aspectos militares.
É triste constatar
que se tem razão em situações como esta.
By me
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