sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Manuais
A história é velha de mais de trinta anos.
Comprei este fotómetro a um amigo e mestre, já usado e em excelentes condições de funcionamento.
Usava-o ele, essencialmente, para fazer medições de luz incidente e tinha-lhe sido fornecido uma ainda melhor. Vantagem minha.
Acontece que, já em casa, constato disparidades entre a sua leitura de luz reflectida e os resultados apresentados pela minha câmara. Estranhei e tratei de comparar as medições com outros aparelhos. Sempre a mesma diferença: um stop mais fechado em leitura reflectida. Em leitura incidente estava correctíssimo.
Não havia net como hoje nem os respectivos fóruns. E o manual de instruções, sempre vital, não me fornecia nenhuma indicação, numa primeira abordagem.
Mas a leitura atenta e interpretativa deu-me a resposta: tratando-se de um “fotómetro de estúdio” estava preparado para fazer medições directamente a partir do tom de pele e não de um cinzento com 18% de reflectância como eu queria e todos os outros aparelhos faziam. É interessante este método, supostamente dá resultados mais rápidos, mas é muito ambíguo, já que os tons de pele variam enormemente de individuo para individuo. Aliás, de zona do corpo para zona do corpo.
Resolvi a questão recorrendo ao espírito inventivo e de “desenrasca” que tão bem nos caracteriza:
Na grelha usada para medição reflectida, que aqui se vê entre os meus dedos, tapei alguns dos orifícios com fita preta. Tentativa e erro até os resultados serem os que queria. Bingo!
Até hoje mantem-se fiel e constante nas suas medições, nunca me deixando ficar mal naquilo em que o usei.
O que acaba por ter piada é que há uns tempos comprei um outro fotómetro. No caso específico, um exposímetro, já que não indica quantidades de luz mas tão só a exposição a fazer com ela. Luz continua e flash, luz incidente e spotmeter. Tudo em um.
A verdade é que, em modo spot constatei a mesma variação de um stop quando comparado com outros aparelhos que possuo. A marca é a mesma, “Seconic”, e a minha memória acordou. O manual de instruções está na net e forneceu-me a confirmação do que suspeitava: feito para medir a luz na pele do modelo.
Sendo um aparelho digital (L-558), a sua re-calibração foi bem mais fácil e rigorosa, permitindo-me manter os métodos e resultados consistentes do que vou fazendo.
Saber interpretar aquilo que usamos ou fazemos e ajustá-lo à prática é vital em tudo o que fazemos: fotografia ou vida.
A grande vantagem da fotografia é que vem com manual de instruções.
By me
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