A coisa aconteceu
ontem à noite, no regresso a casa.
Se quando
embarquei no comboio ele estava quase vazio, cedo se encheu de gente, uma estação
após outra. Ocuparam-se os lugares vagos sentados e muito do espaço em pé ficou
preenchido.
No banco em frente
ao meu, um casal. Sei que o era porque os ouvi conversar, apesar de ir eu muito
concentrado no livro que ia lendo. Este.
Mas as suas
conversas eram minimais, já que os seus smartfones seriam mais importantes que
uma troca de opiniões em fim de dia.
Em qualquer dos
casos, a senhora que ia na minha frente parecia um pouco interessada no meu
livro. O seu olhar variava entre o ecrã na sua mão e as minhas páginas
ilustradas, ainda que para ela de cabeça para baixo.
A dada altura não
resisti eu, orgulhoso de ter encontrado a obra e com vontade de fazer passar a
mensagem. Fechei o livro com a marca no ponto onde ia e estendi-lho:
“Tome! Dê uma
voltinha! Dê uma olhada nas fotografias e veja que não há só fotografia no
feminino na Europa ou Américas. Acho que vai gostar.”
Ficou encabulada,
claro. E recusou. Mas a minha insistência e a sua curiosidade foram mais
fortes. Sob o olhar também curioso e sobre o ombro do seu companheiro, lá se
entreteve a passar as páginas e a ver alguns dos trabalhos aqui inscritos. E,
nos entretantos, fui eu também dar uma olhada na minha electrónica de comunicação.
Devolveram-mo e saíram
umas estações antes da minha, não sem que antes os seus agradecimentos fossem
repenicados.
Com um pouco de
sorte abri-lhes um horizonte desconhecido. E a noite foi profícua.
By me
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