Nada é imutável,
nem mesmo o universo.
Mas há coisas e
lugares que consideramos como nossos e que, em desaparecendo, levam um pouco de
nós com eles.
A Sul América é um
desses!
E ler isto foi uma
péssima forma de começar o dia.
In “ O corvo”, um
site de Lisboa, em 25-2-2016
Pastelaria Sul América
fechou ao fim de 56 anos de existência em Alvalade
Nem mesmo o facto
de manter a esplanada quase sempre cheia, sobretudo em dias de sol, e de
continuar a ser, 56 anos depois de ter aberto na Avenida de Roma, uma extensão
da Escola Secundária Rainha D. Leonor, impediram que a pastelaria Sul América
fechasse.
Domingo, 21 de
Fevereiro, foi o último dia de actividade deste velho café pelo qual passaram
várias gerações de estudantes e de moradores do bairro. E, na passada
segunda-feira, a pastelaria já não serviu bolos.
Nos vidros da
porta, revestidos a papel branco, lia-se apenas: “Estabelecimento encerrado”.
Foi mais um velho café de Alvalade a fechar as portas – que não se sabe ainda
quando reabrirão ou com que funções.
Alfredo Lopes,
detentor do quiosque de jornais situado mesmo em frente da pastelaria, partilha
a tristeza de ver a Sul America de portas fechadas. Mais do que tristeza, até,
a preocupação de perder a clientela que a antiga pastelaria lhe trazia. “Muitos
eram também meus clientes”, salienta.
“Estou aqui na
Avenida de Roma há 44 anos e a Sul América já existia quando vim para cá.
Agora, resta-me esperar que abra outra pastelaria que venha substitui-la…porque
isto só dá para ser um estabelecimento deste tipo. Mas sabe-se lá quando é que
isso irá acontecer”, questiona-se.
“Ao que me
disseram, os donos tiveram um contratempo com o senhorio, que lhes aplicou um
aumento de renda muito grande e eles viram-se obrigados a fechar”, diz ao Corvo
Alfredo Lopes. Esta explicação para o encerramento não está, porém, confirmada
pelos proprietários da Sul-América, que O Corvo tentou ontem contactar mas sem
êxito.
No interior da
pastelaria, na passada terça-feira estavam ainda dois empregados, envolvidos em
limpezas do estabelecimento, mas ambos remeteram qualquer esclarecimento para
os proprietários.
No bairro de
Alvalade – onde, a cada dia, surgem novos estabelecimentos mais modernos,
embora alguns deles com vida demasiado breve -, fechara igualmente, há cerca de
um ano, a pastelaria Nova Lisboa, que já tinha 65 anos de existência.
Mas, meses depois,
em Julho de 2015, a Nova Lisboa reabriu com uma nova gerência e num formato
diferente, em que os bolos deixaram de ser a grande atracção. Manteve, porém, o
balcão da cervejaria e o restaurante que lhe estava associado, que foram ambos
alvo de obras, e, pouco tempo depois, muitos dos velhos clientes, quase todos
com a mesma idade da antiga pastelaria, regressaram.
No caso da
Sul-América, porém, não se sabe que tipo de estabelecimento poderá surgir. “A
pastelaria fechou de vez”, assegura o dono do quiosque, que, privado da
clientela habitual, também já não sabe por quanto tempo se irá ali aguentar.
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