Uma ocasião, há já
uns anitos valentes, tive que fazer um trabalho com um grupo de jovens, numa
escola.
Haveria que pôr de
pé um projecto, a partir do zero, com um tema genérico: “A câmara, a minha
amante”.
O objectivo,
escondido nesta proposta e a pedido da escola, era leva-los a tomar uma maior
consciência dos cuidados a ter com o equipamento e que é tão importante bem
cuidar dele como o resultado que dele tiramos.
Pondo de parte as
questões técnicas e pedagógicas (a direcção da escola sempre pensou que o título
era “a câmara, a minha amiga”) a verdade é que esta frase não é nenhum absurdo.
Apesar de ser
usada na maioria das vezes, para registar seres humanos, ela tem um
comportamento bem melhor que muitos deles.
A partir do
momento em que é criada uma relação de intimidade com uma câmara, ela mantém-se
fiel nos seus afectos, não enganando, não provocando decepções. Se a tratarmos
com afecto e carinho, será exactamente isso que teremos de volta.
Mesmo que o tempo
passe, que à excitação dos primeiros tempos se siga a rotina da cumplicidade recíproca,
mesmo que a idade provoque uma menor elasticidade nas reacções, com avarias ou
caprichos de momento, o certo é que a relação entre a câmara e o seu utilizador
mantém-se fiel e forte.
Podemos ter inúmeras
câmaras ao longo da vida. Teremos certamente, que as necessidades do que
fazemos e os consumismos inúteis a isso nos impelem.
Mas o certo é que
o relacionamento que tivermos com cada uma é exactamente o que teremos de volta.
Infelizmente, já não
podemos dizer o mesmo de muitos seres humanos.
By me
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