A coisa é muito
simples:
Se ninguém tem o
direito de decidir da vida e morte de alguém, impondo-lhe a segunda, também não
faz sentido impor a primeira.
Por outras
palavras:
Se é ilegal
impedir a vida de alguém, matando-o, também deveria ser ilegal impedir a morte
de alguém, obrigando-o a viver para além da sua vontade.
Tudo isto a propósito
do que agora se vai discutindo sobre a eutanásia. Começando desde logo pelo conceito
de liberdade. Se sou livre de viver, também deverei ser livre de morrer.
Claro que a
sociedade não gosta disto. O suicido (e a eutanásia é um suicídio cometido por
terceiros, já que o próprio não o pode cometer) é um grito de liberdade, a
liberdade última perante tudo e todos.
E a sociedade –
civil, militar, laica, religiosa – não aceita de bom grado que alguém diga que
ela não presta e que se não quer viver no seu seio. E tão pérfida é a sociedade,
com os seus “códigos morais”, que fica sempre para os parentes o carimbo de “aquele
é o filho/pai/irmão/esposo/primo… do outro que se matou”.
Poderás ser o que
quiseres, tanto nas ideias políticas como religiosas. Mas o pior crime ou
pecado que podes cometer é subtraíres-te ao controlo da sociedade. Seja através
do suicídio normal, seja recorrendo a ajuda de terceiros para tal.
Virá dia, espero,
em que liberdade não será apenas o poder dizer o que se pensa, o poder escolher
o como viver. Será também o poder escolher o como morrer.
By me
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