domingo, 24 de agosto de 2025

Luz




Saí para ir tomar café e comprar pão. Actos banais que, aqui no bairro, acontecem no mesmo balcão.

Igualmente rotineiro o ter uma câmara no ombro. Sair de casa sem levar comigo uma câmara é-me quase tão mau quanto o sair de casa sem levar um colete. Ou ir sem calças. Manias.

Claro que se as calças evitam olhares e observações menos simpáticas, agressivas mesmo, já o colete sempre tem vários bolsos, grandes porque assim os escolho. Tabaco, chaves, caneta e bloco de apontamentos... e, em caso de urgência, o guardar uma objectiva numa troca.

Já a câmara é mesmo o vício. Nunca sei o que vou encontrar que me prenda o olhar e o pensamento.

Hoje, a minha Pentax K7 veio com uma Takumar 35mm. Uma objectiva com montagem de rosca (para quem não sabe destas coisas) e que remonta aos inícios dos anos ’70. Se há quem fique a olhar para o guarda-fato a pensar no que vestir no dia, eu fico a olhar para a vitrine a pensar na objectiva com que saio. Nestes últimos dias tem sido esta.

Já à porta de casa o meu olhar ficou-se nisto. É o que sobra da poda que um vizinho tomou em mãos aqui à porta de casa e a luz, assim mais destapada, prendeu-me o olhar.

O fundo não me agradava. A objectiva era demasiado curta para o que queria. A distância mínima de foco era demasiado longa. Nem sequer tinha um pára-sol. Mas a luz, essa, estava no ponto. E não me apeteceu subir para ir trocar de objectiva.

Gosto de desafios e este era, sem dúvida, um. Acabou por me sair isto, vertical como último recurso. Acho que pelo menos a manhã não foi estéril.

 

Pentax K7, Super-Multi-Coated Takumar 35 1:3,5

 

By me

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