Saí para ir tomar café e comprar pão. Actos banais que, aqui
no bairro, acontecem no mesmo balcão.
Igualmente rotineiro o ter uma câmara no ombro. Sair de casa
sem levar comigo uma câmara é-me quase tão mau quanto o sair de casa sem levar
um colete. Ou ir sem calças. Manias.
Claro que se as calças evitam olhares e observações menos
simpáticas, agressivas mesmo, já o colete sempre tem vários bolsos, grandes
porque assim os escolho. Tabaco, chaves, caneta e bloco de apontamentos... e, em
caso de urgência, o guardar uma objectiva numa troca.
Já a câmara é mesmo o vício. Nunca sei o que vou encontrar que
me prenda o olhar e o pensamento.
Hoje, a minha Pentax K7 veio com uma Takumar 35mm. Uma objectiva
com montagem de rosca (para quem não sabe destas coisas) e que remonta aos
inícios dos anos ’70. Se há quem fique a olhar para o guarda-fato a pensar no
que vestir no dia, eu fico a olhar para a vitrine a pensar na objectiva com que
saio. Nestes últimos dias tem sido esta.
Já à porta de casa o meu olhar ficou-se nisto. É o que sobra
da poda que um vizinho tomou em mãos aqui à porta de casa e a luz, assim mais
destapada, prendeu-me o olhar.
O fundo não me agradava. A objectiva era demasiado curta
para o que queria. A distância mínima de foco era demasiado longa. Nem sequer
tinha um pára-sol. Mas a luz, essa, estava no ponto. E não me apeteceu subir
para ir trocar de objectiva.
Gosto de desafios e este era, sem dúvida, um. Acabou por me
sair isto, vertical como último recurso. Acho que pelo menos a manhã não foi
estéril.
Pentax K7,
Super-Multi-Coated Takumar 35 1:3,5
By me


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