quarta-feira, 26 de julho de 2017

Tempo e qualidade



Todo o processo, no meu artefacto, desde o “Olho passarinho!” até retirar a fotografia do seu interior pronta a entregar, demorava uns três minutos.
Um e meio para o papel adquirir formas, cores e tons, o resto para o manuseio de tudo o que dentro da caixa se encontrava. Isto presumindo que nada corria mal, o que acontecia de quando em vez e podia duplicar o tempo.
Uma boa parte dos potenciais “clientes” perguntava-me, a par com o preço, o quanto tempo demorava a coisa, ao que respondia uns três a quatro minutos. Mas, na prática, entre o tempo que antecedia o acto de fotografar e as conversas posteriores, podia levar a uns bons quinze minutos, para diversão de todos os evolvidos.
Pois havia sempre uns quantos que, enquanto estava com as mãos lá dentro, cobertas pelo clássico pano preto, me iam perguntando se demorava muito. Suspeito bem que, para estes jovens, um minuto pouco mais tivesse que uns meros dez a quinze segundos, no máximo.
E quando o protesto sobre a “demora” se verbalizava, tinha uma resposta que lhes ia dando, com variações de oratória em função das idades, do tom que empregavam e da minha própria inspiração:
“Calma! É que as coisas boas da vidas fazem-se devagarinho!”
Os mais jovens, porque ainda não o tinham aprendido ou não o entendiam, olhavam para mim de cenho cerrado, tentando perceber onde queria eu chegar.
Já os mais velhos sorriam ou mesmo riam, confirmando e assumindo um ar maroto ou sonhador.
Mas esta é uma certeza que tenho, faz muito tempo:

A despeito das bandas largas, dos velocímetros ou das competições contemporâneas, as coisas boas da vida fazem-se devagarinho!

By me

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