quarta-feira, 16 de abril de 2014

O relógio



No espaço a que pomposamente chamo de “estúdio”, usando o termo no sentido de “local de estudo”, mas a que, em abono da verdade, se deveria chamar de “baiuca”, tenho o que se vê:
Num suporte improvisado há uma dezena de anos estão, entre outras coisas:
Dois televisores pequenos, ainda em preto e branco. Não funcionam, mas também não é, de todo, importante;
Um azulejo, com moldura em ferro forjado, que me acompanha desde que sei ler. Não precisaria de estar ali, já que o sei de cor, mas serve para que nunca me esqueça do que contém;
Um relógio que nunca está certo. Um dia acabaram-se-lhe as pilhas e, quando as repus, falhei por alguns minutos. Depois disso, tem mudado a hora, na data definida nos almanaques, mas nunca o acerto. Faz isto com que, de cada vez que para ele olho, tenha a noção do tempo que passa ou que falta para qualquer acto. Dormir, por exemplo. Que a hora certa, aquela dos relógios atómicos dos grandes laboratórios, é tão arbitrária quanto a que indica este relógio aqui em casa.

Quanto ao resto, é sempre hora de amar, de viver, de fotografar!

By me 

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