sábado, 22 de novembro de 2008

Um pequeno exercício


Façamos um pequeno exercício que, pela sua impossibilidade, não passa disso mesmo - um exercício de imaginação:

Supúnhamos que, por um qualquer motivo, durante cinquenta anos apenas uma meia centena de pessoas frequentava por ano o ensino superior ou profissional em Portugal. E imaginemos também, para reforçar o exercício, que todos tinham excelente aproveitamento.
Passado este meio século, teríamos uma sociedade de “incultos”, de gente que não saberia trabalhar com os equipamentos que hoje existem que não fosse pelo hábito, teríamos médicos, engenheiros de diversas áreas, especialistas de tudo em final de vida.
Teríamos também duzentos e cinquenta pessoas altamente qualificadas que, por serem tão poucas e considerando o sistema de procura e oferta, se fariam pagar a peso de ouro, aplicando os seus saberes às elites endinheiradas, ficando todos os restantes sem canos, medicamentos, diagnósticos, motores, sistemas eléctricos, casas, trigo, bifes e tudo o mais que hoje usamos e de que queremos mais e melhor.

Deste exercício de imaginação se pode concluir com facilidade que o sistema ensino-aprendizagem é vital para a sociedade. E que, como tal, deveria ser realmente gratuito, fosse qual fosse o grau de qualificação que se considerasse. E não o mero “tendencial” que a lei prescreve! Dando oportunidade a que, quem tenha capacidades para ir longe no saber e no fazer o possa sem que isso seja um exercício de economia familiar. Trata-se de um investimento que a sociedade faz hoje para colher no futuro. Não tão distante quanto isso!

E, já agora também, considere-se que o que a imagem ilustra não pode ser a realidade. Nem o seu inverso! Nem os alunos são burros e os professores déspotas, nem os jovens os reis e senhores e os mestres os elos mais fracos.
Neste jogo de “aprender e ajudar a aprender”, cada qual tem o seu lugar e igual importância. E se ambas as partes de tal estiverem cientes e não se tratarem como adversários numa arena de mesas e cadeiras, todo o trabalho acontece com muito mais facilidade e resultados positivos.
Que é o que ambos querem e a sociedade deseja!


Texto e imagem: by me

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