Um destes dias tropecei num artigo de um site que se dedica
a publicar elogios a objectivas e câmaras. Costumo ler o que por lá aparece,
ainda que não pense em mudar de marca (sou Pentaxiano).
Este artigo em particular falava, espantado, em como um
fotógrafo faz espantosos retratos com uma câmara com mais de dez anos de fabrico
e que já nem se encontra à venda.
Apeteceu-me fazer uma crítica mordaz, mas não havia onde. Fica
por aqui.
Por um lado, os retratos mostrados eram todos feitos com uma
perspectiva muito próxima. É difícil não obter imagens impactantes desta forma.
Em seguida, todas as imagens eram em preto e branco, com a
gama tonal completa e contrastada. Uma vez mais, sabendo dominar um editor de
imagem, também assim se obtêem imagens fortes se a luz estiver a nosso favor,
natural ou trabalhada.
Por fim, e foi o que me incomodou, pouco importa a idade do
material e se está ou não disponível no mercado. As técnicas usadas por Nadar,
por exemplo, são mais que arcaicas e não retiram um pingo de qualidade ao seu
trabalho. Tal como Weegee ou Ansel Adams. Uma press câmera com visor directo,
ou uma 18x24, chapa a chapa, são técnicas lentas, complexas de operar e
processar, pesadas e nada discretas. No entanto, os seus instantâneos ou
paisagens são de tirar a respiração, mesmo que impressos numa revista ou livro
de mediana ou até fraca qualidade.
Não é o pincel, a maceta, a caneta ou a câmara que fazem o
artista ou a obra de arte. É o domínio da técnica em uso e o saber materializar
aquilo que a alma sente. E isso é para poucos.
Nota adicional: esta imagem tem o título “Até ao próximo
episódio”. Foi feita com uma vetusta Olympus 3030z, de 3,3 mp, que regista em
cartões SM. Fabricada no ano 2000, até os cartões de memória já saíram de
mercado. No entanto, tenho orgulho em a ter feito, mais ainda se considerarmos
que se encontrava no interior de uma caixa de madeira e a exposição e foco
foram feitos em total automatismo. Faz parte do meu projecto “Old Fashion”, há
muito terminado.
By me
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