terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Quebrando regras




Ontem à noite, em querendo publicar um texto que tinha na cabeça, mas não tendo como fotografar, considerando o onde estava, acabei por ir buscar uma imagem de arquivo. Esta e este texto:

Há muitos, muitos anos, disse-me alguém:

"Os deuses perdoam, os burros esquecem. Aproxima-te de quem preferires."

Sei que não sou deus (ou talvez seja) e acho que não sou burro (ou talvez seja).

É nesta dualidade que vivo.”

 

Um colega de ofício, vendo-o, comentou comigo, que o momento assim o permitia:

“Este é aquele tipo de iluminação que não se usa (ou talvez use)!”

Em boa verdade, ele tem razão. Haverá que saber o que se deve usar (e este deve tem tanto que se lhe diga...), tal como o que não se deve usar (e este não deve tem tanto que se lhe diga...), para que se possa usar o que não se deve usar com sucesso.

Fazendo um paralelismo, todas as revoluções são ilegais até que têm sucesso.

Regra geral a luz que usamos para fotografar, quer se trate de luz natural, quer se trate de luz desenhada e executada por nós, tem por objectivo mostrar o assunto com o conforto visual suficiente para que não atrapalhe a observação da imagem. Nem revele ou oculte aquilo que queremos revelado ou ocultado. As rugas e as papadas sob o queixo evitam-se ou ocultam-se a menos que esse seja um factor importante na história a contar. Os olhares mostram-se ou evidenciam-se, para a objectiva ou para um qualquer outro ponto dentro ou fora do enquadramento, porque os “olhos dizem mais do que a boca se atreve”.

Negar isto, fazer o seu oposto com critério e propositadamente, sabendo o seu resultado, pode ser a melhor forma de contarmos o que queremos. Explícita ou implicitamente.

O conforto visual de uma imagem não é uma regra sacro-santa.

Já o queremos provocar uma emoção em quem vê o resultado do nosso trabalho, seja qual for a emoção que queremos provocar, é algo que devemos procurar a todo o custo. Mesmo quebrando as “regras”.


By me

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