quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Desabafo




Esta coisa do final do ano é tão arbitrário como qualquer outra coisa que se baseie num calendário. O gregoriano é apenas um calendário, onde o final do ano é só mais uma data.

Sei de uma zona do globo que festeja o final, ou início, do ano no equinócio da primavera. Também é arbitrário, mas faz mais sentido.

Agora o que me chateia a valer nos finais de ano são as revistas do ano. Aquelas súmulas noticiosas onde se contam os acontecimentos mais importantes desse ano. Divididos por categorias, claro: política, desporto, economia, sociedade, cultura...

Em regra, relatam os desastres, as calamidades, as tricas, os fiascos, as guerras... tudo aquilo que de mau ou desagradável aconteceu em doze meses.

Muito raramente contam ou elencam coisas positivas, daquelas que nos agradam saber, histórias com finais felizes.

Por exemplo, não contam quantos incêndios urbanos foram combatidos sem vítimas. Ou quantos nascituros sobreviveram. Ou quantas obras de arte foram expostas. Ou quantos casamentos ou uniões de facto foram registados.

Coisas assim, bonitas, que nos provocam um sorriso e um acreditar que nem tudo está perdido.

Creio que os cursos de jornalismo formam, mais que jornalistas, pessimistas, derrotados à partida, gente com óculos deformadores. Na sua ânsia de corrigir e denunciar aquilo que entendem por injustiça, acabam por esquecer que a vida é composta de coisas boas e de coisas más. E que as primeiras também necessitam ser divulgadas, a bem da sanidade mental de quem vê ou lê notícias.

Mas quem sou eu para dar lições a uma classe que se entende acima das outras, que tem o nome de “quarto poder” mas que não é eleita?

Se o sufixo “in”, em língua portuguesa, significa “negação, nunca se esqueçam disso ao usarem o termo “informação”!

E procurem as coisas boas da vida!


By me

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