“If you want someting
well done, do it yourself!”
Velha máxima que muitos
de nós aprendemos cedo e que ainda hoje seguimos.
Quando, há uma data de
anos atingi o astronómico número de objectivas possuídas – três: 28, 50, 75-150
- levantou-se-me um grave problema: como transportar tudo aquilo.
Não tinha carro nem carta
na altura, como não tenho hoje, e tudo o que transportasse seria em cima de
mim. E, preferencialmente, que não despertasse a cobiça a membros da CAPA –
Confederação dos Amigos da Propriedade Alheia.
As malas e sacos
existentes eram por demais evidentes no seu conteúdo, por um lado. Por outro ou
eram demasiado pequenas ou demasiado grandes. E se no primeiro caso não caberia
tudo, no segundo encheria eu com outras peças, sempre com o acréscimo do peso.
Portanto, tratei de fazer
o meu próprio saco.
O material de base seria
– e foi – sola. Isso mesmo, sola de sapato, comprada no mesmo local onde os
sapateiros se abastecem. Tinha a vantagem da durabilidade, robustez no formato
e discrição no olhar.
Com um formato
absolutamente rectangular, o interior foi forrado a veludo sintético. Os fechos
e a dobradiça feitos com pele de seleiro e ferragens em latão, vindas das
sobras do exército.
O seu interior estava organizado
da seguinte forma:
Na parte inferior, a
maior, lugar para a câmara ao alto e ao meio, sem objectiva e com o power
winder; de cada lado dela, um compartimento com o tamanho certo para uma
objectiva. Na tampa, usando elásticos largos, lugar para um conjunto de
filtros, pincel e papel de limpeza e dois ou três rolos.
Foi um trabalho duro, o
imaginar, aprender a fazer e usar os materiais e ferramentas para a tarefa. Mas
o resultado foi o que imaginei, forma e função.
Apesar disso, houve um
problema que não antecipei.
Os compartimentos
previstos para as objectivas, concebidos para acolher e proteger a maior, ao
receberem sobrepostas a 50mm e a 28mm tornavam particularmente difícil de
retirar a que, destas duas, ficasse em baixo. Era um exercício de agilidade
digital – de dedos – o conseguir agarrar a infeliz lá no fundo do
compartimento.
A solução foi usar uma
dica aprendida numa revista (na altura as revistam tinham dicas úteis):
Duas tampas traseiras de
objectiva solidamente unidas pelas costas, e que receberiam cada uma a sua
objectiva. Em puxando pela de cima, vinha a de baixo. Com a enorme vantagem de
ser menos uma tampa solta na mala, já que estaria sempre em uso com, pelo
menos, uma objectiva.
Da mala perdi o rasto.
Tenho a vaga ideia de, anos depois a ter emprestado, mas não garanto.
Já as tampas adaptadas…
aqui estão elas, ainda em uso.
E, hábito de então que
ainda não perdi: em vendo tampas à venda, da marca e mesmo que usadas, trato de
comprar. Nunca sei que uso lhes poderei dar. O único problema, hoje, é o
material de que são feitas: plástico rasca, que não se adapta ou aguenta a esta
técnica. Algumas, nem baioneta possuem, mesmo que da Pentax: limitam-se a encaixar
por pressão e nada mais.
Nada do acima descrito,
por si mesmo, melhorou a minha prestação enquanto fotógrafo. Mas deu-me muito
gozo!
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário