Na varanda, a fumar um cigarro. Domingo de manhã.
Em casa tudo tranquilo, cada um a fazer o que mais gosta ou
tem que fazer, em silêncio e recolhimento. Até o cão, naquele instinto que nós,
humanos, quase perdemos, está a dormitar no sofá.
Aqui fora, e para além de mim, poucos sinais de vida: o fumo
que sobe na vertical da ponta do meu cigarro, o verde pálido e deslavado que
entrevejo entre prédios. Nem aves lá em cima. Volteando ou pousadas nas
chaminés ou antenas. Sim, que aqui onde moro ainda há antenas.
De súbito um sinal de vida. Sonoro. A 750 metros em linha
recta, os bombeiros anunciam o meio-dia. Naquele som de lamento, triste, a que atribuímos
ainda mais tristeza por estes dias.
Depois… Depois mais nada.
De lá de dentro nem um som ou sinal, de lá de fora nem um
gesto ou aragem, e nem o cão se manifestou.
Regressei ao interior. Talvez que uma série policial, banal
e repetida reponha alguma acção numa manhã quase morta na cidade.
E não deveria ter usado o termo “morta”, mas não se me sobe
à cabeça nenhum outro.
By me
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