Sexta-feira santa de emergência
A tradição religiosa diz que nos dias santos haverá que
cuidar da família, ir ao culto e não trabalhar. Domingos, Natal, Páscoa.
Eventualmente no dia do santo padroeiro da localidade e no dia 13 de Maio.
Mas as tradições já não são o que foram e o guardar o “dia
do senhor” já não faz fé. Os horários e dias de trabalho desencontrados, as
máquinas de lavar e a mulher inserida no mundo laboral alteraram tudo isso.
Por isso, já não é tão frequente encontrar a roupa estendida
a secar principalmente à segunda-feira. Qualquer dia é propício para a higiene
de tecidos: vestir, mesa, cama… Lava-se quando se pode.
Em tempo de emergência e distanciamento social a roupa e o
seu cuidado não tem dia especial: lava-se e estende-se quando apetece, é
necessário e o clima permite. Mesmo numa sexta-feira santa.
Da minha janela confirmo isso mesmo: aqui e ali a roupa
estendida, a secar ou apenas a arejar, aproveitando o sol que vai rompendo por
entre as nuvens, não augurando chuviscos que estraguem planos domésticos.
Como a questão versa tradições e modernidades, achei que
deveria fazer o registo com as duas vertentes. Uma DSLR e uma objectiva
vetusta, dos tempos em que as tradições ainda vingavam: Uma Soligor Tele-Auto
200mm f/3,5, montagem TX.
Ao que consegui averiguar, através do número de série,
fabricada em 1973.
Para os que o ignoram, nesta época era banal encontrar
fabricantes de objectivas que construíam todo o conjunto óptico (vidros,
sistema de focagem, diafragma) de um modo standard mas por si mesmo não
compatível com nenhuma marca de câmara. Haveria que adquirir um anel de
adaptação, da própria marca ou de outras, para que funcionassem na câmara que
queríamos.
Tinha isto a vantagem de se poder usar a mesma objectiva em
várias marcas, permitindo ainda que o negócio de usados fosse comum e não
restrito a um fabricante de câmaras.
No meu caso, a objectiva é Soligor (ainda que fabricada pela
Tokina), o anel fabricado pela Vivitar e compatível com qualquer câmara que
aceite objectivas sem contactos electrónicos.
Nada de plásticos, nem em aneis de manuseamento nem no seu
interior, o que lhe dá um peso hoje em dia estranho, mas uma sensação de
solidez a toda a prova.
O resultado é equivalente a qualquer objectiva de grau
médio/superior tendo dois defeitos: a distância mínima de focagem - 3 metros –
e o párassol ser absurdamente pequeno porque integrado. Nada que não se resolva
com um anel de extensão, igualmente mecânico, e o recorrer à “mala da tralha”.
Neste caso não houve porque o fazer.
Gosto de usar objectivas antigas, de as escolher de algum
modo de acordo com o que estou a fotografar. Manias de quem gosta do acto
fotográfico no seu todo.
By me
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