As cerimónias oficiais do 25 de Abril, na Assembleia da
República contarão, este ano, com 130 pessoas, entre deputados e convidados. No
ano passado contaram com 700.
Ao que parece, há um montão de gente a querer que tal não
aconteça, argumentando que, no momento actual, será uma vergonha juntar tanta
gente quando se pede aos cidadãos para ficarem em casa.
Seria bom que essa profiláctica medida por tantos defendida
fosse extensível aos transportes colectivos, onde aqueles que trabalham têm que
se fazer transportar para manter o país em funcionamento (desde o pessoal da
saúde ao da limpeza, passando pelo comércio de alimentares, segurança,
bombeiros, comunicação social, etc.).
Com a redução de frequência e capacidade dos caminhos-de-ferro
e transportes rodoviários nos horários da manhã e do fim da tarde, é ver como
essas pessoas, que não possuem carro próprio nem podem ficar em casa, viajam
que nem sardinha em lata, sem um pingo de distância de segurança. E sem
dinheiro para eficazes máscaras protectoras.
Ao invés, todos aqueles que estiverem nessas tais
comemorações possuem carro, muitos com motorista, estarão 130 onde costumam
estar 700, e estarão presentes se o quiserem, não dependendo disso salários nem
comida na mesa.
É a revange direitista, ainda não conformada com a actual
governação e que mais não faz que protestar e pouco construir, que vive na
máxima protecção e sem graves problemas económicos na sua casa, que se chega à
frente numa atitude “bota-abaixo”, mais centrada no seu umbigo e ambições de
poder que em qualquer outra coisa fora da sua bolha de conforto.
Dirão que quem escreve estas linhas é de esquerda. Estão
certos.
Mas é igualmente certo que, antes de protestar ou “botar-abaixo”,
tento ver as diversas abordagens e visões de cada problema, ponderando
perspectivas e conceitos.
Neste caso, a atitude que quem contra tal sessão protesta
baseia-se num preconceito social, politico-partidário, cego a outras perspectivas
de sociedade.
Lamento ver tanta gente assim perturbada.
E sempre gostaria de ver que fariam estes agora
contestatários, se aqueles que fazem pão ou vendem o tomate decidissem ficar em
casa protegendo-se.
By me
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