sábado, 18 de abril de 2020

Festejos




As cerimónias oficiais do 25 de Abril, na Assembleia da República contarão, este ano, com 130 pessoas, entre deputados e convidados. No ano passado contaram com 700.
Ao que parece, há um montão de gente a querer que tal não aconteça, argumentando que, no momento actual, será uma vergonha juntar tanta gente quando se pede aos cidadãos para ficarem em casa.
Seria bom que essa profiláctica medida por tantos defendida fosse extensível aos transportes colectivos, onde aqueles que trabalham têm que se fazer transportar para manter o país em funcionamento (desde o pessoal da saúde ao da limpeza, passando pelo comércio de alimentares, segurança, bombeiros, comunicação social, etc.).
Com a redução de frequência e capacidade dos caminhos-de-ferro e transportes rodoviários nos horários da manhã e do fim da tarde, é ver como essas pessoas, que não possuem carro próprio nem podem ficar em casa, viajam que nem sardinha em lata, sem um pingo de distância de segurança. E sem dinheiro para eficazes máscaras protectoras.
Ao invés, todos aqueles que estiverem nessas tais comemorações possuem carro, muitos com motorista, estarão 130 onde costumam estar 700, e estarão presentes se o quiserem, não dependendo disso salários nem comida na mesa.
É a revange direitista, ainda não conformada com a actual governação e que mais não faz que protestar e pouco construir, que vive na máxima protecção e sem graves problemas económicos na sua casa, que se chega à frente numa atitude “bota-abaixo”, mais centrada no seu umbigo e ambições de poder que em qualquer outra coisa fora da sua bolha de conforto.

Dirão que quem escreve estas linhas é de esquerda. Estão certos.
Mas é igualmente certo que, antes de protestar ou “botar-abaixo”, tento ver as diversas abordagens e visões de cada problema, ponderando perspectivas e conceitos.
Neste caso, a atitude que quem contra tal sessão protesta baseia-se num preconceito social, politico-partidário, cego a outras perspectivas de sociedade.
Lamento ver tanta gente assim perturbada.
E sempre gostaria de ver que fariam estes agora contestatários, se aqueles que fazem pão ou vendem o tomate decidissem ficar em casa protegendo-se.



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