Uma das principais preocupações de Ansel Adams, bem como de muitos outros
fotógrafos, foi o conseguir reproduzir nos suportes fotográficos aquilo que o
olho humano conseguia ver. Não em quantidade mas em qualidade.
Por que, e é sabido, a gama de contrastes que o nosso olhar
consegue discernir é de longe superior à que qualquer suporte de imagem é capaz,
por si só.
Daí o eles terem-se preocupado, uns mais, outros menos, em
aquilatar dos contrastes do assunto a captar, das sensibilidades cromáticas
(mesmo em preto e branco) e das capacidades de reproduzir os negros profundos e
os brancos puros, com toda a gama de cinzentos intermédios.
Medições de luz no assunto, filtros coloridos, revelações
controladas no negativo e no positivo… de tudo se usou (e usa) com esse
objectivo. E com resultados de deixar qualquer um de boca aberta.
Hoje, pensam muitos, tudo se resolve com ajustes
electrónicos no computador, eventualmente na câmara. Uns toques aqui ou ali e a
coisa fica feita.
Como estão enganados!
Os grandes de hoje, por muito que saibam trabalhar sentados
em frente do ecrã, deram-se ao trabalho de bem medir e controlar a luz antes do
acto de premir o botão do obturador. E, muitas vezes, bem sabendo então o tipo
de correcção que terão que vir a fazer.
E o resultado final, para além de encher o olho, tem toda a
gama tonal do assunto, dos negros profundos aos brancos puros. E não, como
muitos acham, do cinzento-escuro ao quase branco.
Claro que haverá sempre, repito o sempre, que considerar o
suporte final onde a imagem vai ser observada ou consumida. E um dos problemas
aqui inerentes passa pela calibração dos reprodutores da imagem, se não for
impressa.
O fácil acesso aos equipamentos de captação de imagem, o
preço zero de cada uma, as redes sociais e sites, a velocidade com que se quer
que as imagens sejam degustadas e as aparentes fáceis edições posteriores fazem
com que se baixe o nível qualitativo das imagens com que nos deparamos. E
apenas porque, na esmagadora maioria dos casos, não se “pensa” no que se está a
fazer mas tão só em fazer de qualquer modo, sabendo que depois “se dará um
jeito”.
Pensar parece estar fora de moda: ou porque é lento ou
porque é cansativo.
By me
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