Foi há uns dias, no último antes de entrar em reclusão
domiciliária temporária. Que, lá onde trabalho, alternamos grupos em casa com
grupos em actividade, somados com os em teletrabalho.
Na gare do Oriente, em Lisboa, enquanto transitava entre o
comboio e o autocarro, fui abordado por três pedintes. Três.
A média ali, pelo menos a que comigo sucede, é de um ou dois
por semana. Três num dia não recordo. Mas entendo.
A quantidade de gente de gente nas ruas é muito menor, a
maioria a fazer contas à vida e a gerir o que tem e a generosidade diminui.
Donde, os que vivem da caridade alheia, mesmo que não sejam
sem-abrigo, têm os seus “rendimentos” muito diminuídos. E disputam os locais
onde ainda passa gente, na tentativa de “ganhar” algum.
Falamos em planos de contingência. Em distanciamento social.
Em consequências económicas. Em previsões de inflação e desemprego.
Os que vivem de mão estendida, solitários nos vãos de escada,
num qualquer quarto esconso ou pardieiro em ruinas são “não pessoas”, quase
ignorados.
Em breve, quando a pandemia por cá ultrapassar a capacidade
de os serviços médicos estiver para além do possível, as escolhas terão que ser
feitas.
Estes são os que já hoje estão condenados.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário