Esta é uma reprodução de
uma página de um livro.
Feita a correr, sofre de
alguns defeitos, entre os quais a não uniformidade de iluminação. Confesso que
me deu a preguiça e foi-me mais fácil usar a câmara que já estava montada que
ligar o scanner, que está arrumadinho face ao seu reduzido uso.
O livro é a versão
castelhana de “Achieving photographic style”, escrito por Michael Freeman, de
1984.
As fotografias são da
autoria de Philip Jones-Griffiths (em cima) e Tim Page (em baixo).
Foram feitas durante a ofensiva
Mini-Tet, Saigão, Vietnam, 1968.
Feitas quase ao mesmo
tempo, mostram um rapaz a chorar a morte do seu irmão.
Foram elas usadas pelo
autor do livro, e agora por mim, para mostrar como um mesmo assunto pode
provocar estímulos semelhantes em fotógrafos e levá-los a fazer imagens quase
idênticas. Quase!
Que nem a perspectiva é a
mesma – a de cima foi feita mais perto que a de baixo – nem o instante da
imagem é rigorosamente o mesmo.
São quase iguais, mas só
quase.
É um dos defeitos que
tenho (dos muitos que possuo): ter uma memória visual razoavelmente apurada.
Quando me detenho algum tempo a olhar para algo, segundos que sejam, fica-me
gravado algures na massa cinzenta, queira-o eu ou não. E, cedo ou tarde, acabo
por me recordar do que vi. Foi o caso desta imagem deste livro, arrumado que
estava ele aqui em casa e onde não mexia há uns anitos valentes.
E foi o caso de duas
fotografias que vi no Facebook.
Uma delas tinha-me
prendido a atenção, há dois dias, e a seu respeito tinha feito um comentário.
Elogioso, por sinal.
Eis que, hoje de manhã,
os meus olhos passam e param numa outra fotografia. Já a havia visto mas não me
tinha detido nela. Desta feita parei, achei algo de estranho, e fui confirmar.
De alguma forma eram tão iguais, na minha memória, que algo não batia certo.
E tinha eu razão!
Apesar de terem algumas
diferenças notórias – contraste, saturação de cor, proporções – a perspectiva é
exactamente a mesma. Ao ínfimo detalhe.
Sendo que não há
referencias temporais (como é o caso da imagem que mostro, em que a posição do
rapaz o denuncia) dos dois exemplos de que falo e que vi no Facebook sobram
duas explicações:
1 – Foi usado um tripé,
que recebeu duas câmaras, uma de cada autor. Perfeitamente possível. Pouco
comum, mas possível.
2 – Uma das fotografias
foi copiada da outra, re-editada e publicada. Também possível e, infelizmente,
muito comum neste mundo da imagem digital e da internete.
Digo infelizmente porque,
se for esse o caso, ainda que a segunda tenha o mérito de ter sido trabalhada
(não me agrada tanto quanto a primeira, mas há alguma criatividade no trabalho
de edição), não foi respeitado um código de conduta básico. O respeitar os
créditos autorais.
Não me refiro ao
pagamento de direitos ou taxas. Essa é uma questão polémica que ainda não está
resolvida. Refiro-me, antes sim, a ter não sido citado o autor da imagem
original. Dando-lhe os méritos ou deméritos de a ter feito, ainda que assumindo
o tratamento posterior.
O copy/past na web é
fácil e de borla. Todo e qualquer que nela publique o que quer que seja terá
que estar consciente disso e preparado para que os seus trabalhos disso sejam
alvo.
Agora quem copia e não
atribui o seu a seu dono, principalmente se estiver intimamente ligado ao mundo
da autoria (imagem, texto ou som), comete um acto a que, no mínimo, só posso
chamar de “desleal”.
E, goste-se ou não, o seu
a seu dono: a criatividade e a moralidade dos actos.
By me
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