Vejo que está meio mundo incomodado com o facto de ter sido
dito que a actual Procuradora Geral da República poder não vir a ser reconduzida
do cargo em terminando o actual mandato.
E, entre outros argumentos, dizem que esta declaração a dez
meses do fim do cargo a poderá afectar psicologicamente, pondo em causa o seu
desempenho.
Não concordo nem discordo com a declaração. Mas certo é que
os que a contestam estão a duvidar seriamente da qualidade do seu
profissionalismo.
É que se alguém, em sabendo que termina o seu “contrato”, passar
a desempenhar mal as suas funções até esse momento não merece sequer ter
assumido funções.
Um profissional – ou uma pessoa íntegra – cumpre o seu papel
no cargo que exerce até ao fim. Mesmo que o cargo seja de origem política e a nomeação
dependa também disso.
A menos que quem assim argumenta entenda que todos os que
exercem cargos políticos eleitos ou nomeados a prazo façam mal o seu papel em
aproximando-se eleições. Governo, parlamento, autarquias, presidência, juízes,
directores gerais…
Já nem quero falar em todos os milhares de cidadãos que
possuem contractos de trabalho a termo fixo ou incerto.
Indo mais longe ainda, deduz-se dessa posição de crítica que
quem a faz poderia ter a mesma atitude: em sabendo que o seu cargo está a prazo
e com o aproximar do seu fim anunciado, passarem a exercer mal as respectivas
funções.
De tanto quererem abater os outros acabam por dar um valente
tiro no pé.
By me
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