Excepção feita
às listas telefónicas e aos formulários e minutas oficiais, quase todo o
trabalho humano pode ter duas ou mais interpretações. Umas mais óbvias, outras
não tanto. Umas definidas à partida por quem ou faz, outras apenas descobertas
por quem vê o resultado final.
Os trabalhos
criativos não são excepção, talvez mesmo o oposto, sendo o expoente máximo da
subjectividade. Quer se trate de pintura, escrita, fotografia, performances
como música, teatro, bailado… Até mesmo a arquitectura tem essa característica,
muito para além da estética e funcionalidades aparentes.
Tenho a
desventura de não ser nada digno de nota nem na escrita nem na fotografia, pelo
que tenho completar uma com a outra e vice-versa. Mas, e sem sombra de dúvida,
que o que de pobre vou fazendo tem sempre mais que uma leitura ou interpretação
possíveis ao dar por findo o processo criativo. E para além daquilo que quem
veja ou leia encontre por si mesmo.
Por vezes há que
contar histórias que não podem ou não devem ser contadas e a parábola é um
subterfugio para a necessidade de contar. Por vezes é o deixar algo de fora
propositadamente, tanto na fotografia quanto no texto, para que leitor ou
espectador possa completar e criar a sua própria imagem e história.
Por vezes ainda,
há que “passar recados” ou “dar lições” sem que isso se sinta de imediato e sem
ferir susceptibilidades.
Outras ocasiões,
não tenho o poder de síntese quanto baste e o resultado é essa mesma
multiplicidade de interpretações.
Em qualquer dos
casos, e enquanto autor (fraco mas autor), fico satisfeito quando é encontrada
uma qualquer história, mesmo que não alguma das originais. Se alguma reacção
acontece, mesmo que não a prevista ou mesmo que negativa, isso quer dizer que
de algum modo comuniquei com que vê ou lê. Que de algum modo saí da
trivialidade e consegui que alguém pensasse ou sentisse algo.
E isto para mim
é uma vitória.
Pentax K7, SMC
Pentax 50 1:1,2
By me


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