“Vivia sozinho e o meu orgulho impedia-me de ir pedir ajuda
aos pais apesar de, naquela altura, os pagamentos da empresa onde trabalhava
estarem atrasados. Naquele dia não tinha dinheiro nem para tomar um café.
Revirei tudo em casa em busca de uma moedinha que fosse e nada.
Acabei por me meter no carro e ir a casa de uma amiga, que
me poderia emprestar algum, pouco, para os dias que ainda faltavam até vir o
guito.
Mas dei comigo a enganar-me no caminho e a entrar na
via-rápida no sentido oposto. Com a pouca gasolina que tinha, não sabia se
daria para inverter a marcha mais à frente, pelo que decidi continuar e ir a
casa de uma outra amiga, que me haveria de ajudar.
Não estava em casa. Mas estava lá uma amiga dela. Não nos
conhecíamos, mas já ouvíramos falar um do outro. Ajudou-me.
É hoje a minha mulher.”
E se isto não é uma bonita história de necessidade,
coincidências, solidariedade e final feliz, adequada a qualquer época em geral,
incluindo a que atravessamos, não sei o que o será.
Nota adicional - Esta
fotografia é da mão e da aliança de um dos dois protagonistas da história
contada. Não é uma grande fotografia, mas foi o que consegui fazer quando o
encontrei de novo, por entre os afazeres do ofício.
Poderia talvez fazer uma melhor, quiçá usando a minha
própria aliança e melhor trabalhando luz e fundo. Mas não seria factual,
podendo sê-lo.
Mas entre uma fraca fotografia factual e uma boa fotografia
fictícia, prefiro a primeira. Que, mais importante que uma “boa” fotografia,
para um photocronista importa a realidade. Ou passaria a ser um
photorromancista.
By me


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