quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Disparates linguísticos




Sobre a morte de Feitas do Amaral, ouvi um político dizer um disparate monumental: “Acabou de morrer”.
“Acabar” significa terminar qualquer coisa. E morrer não é coisa que se termine. Ou bem que se está vivo, ou bem que se está morto.
Poderei dizer “Acabou de cair”. Faz sentido. Cair é uma acto continuo, que pode ser mais longo ou mais breve, dependendo da altura da queda.
Mas não poderei dizer “Acabou de bater no chão”. Bater é um acto instantâneo, PUM; é o momento do impacto. A menos que por “Bater no chão” se queira dizer “Bater repetidamente”. Nesse caso, “Deixar de bater no chão” faz sentido.
Acabar significa terminar. E num momento está-se vivo, no seguinte está-se morto.
Mesmo que se use a expressão “está a morrer”, significa que ainda não morreu, que está quase morto mas ainda não está.
“Acabar de morrer” é um disparate linguístico!

Nota adicional: Diogo Freitas do Amaral, pese embora tenha estado sempre do outro lado da barricada, do ponto de vista político e das opções de sociedade que defendia, é dos raros que eu respeitava desse lado. Tenho-o na conta de um homem recto, anormalmente honesto nos seus pensamentos e actos.
E isso merece todo o meu respeito.



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