domingo, 2 de abril de 2017

Pensando



Já o tenho dito, pese embora sem grande acolhimento:
A fotografia é, entre outras coisas, um acto de cobiça!
Ou de apropriação.
Fotografamos os espaços, a luz, os sorrisos, os objectos, porque não os podemos possuir, não os podemos levar para casa. Cabem, certamente, na alma ou coração de cada um, mas não na parede ou numa gaveta.
Nós, os fotógrafos, somos uns invejosos e cobiçadores! Entre outras coisas.

E se tiverem dúvidas sobre tamanha afirmação, consultem os vossos arquivos bem como os trabalhos de fotógrafos conceituados.
Irão constatar, sem surpresas, que poucos são os que fotografam ou exibem fotografias das pessoas que lhes são afectivamente próximas.
Não precisam!
Aquilo de que realmente gostam ou amam está ali, permanentemente, ao alcance de um olhar ou na superfície da memória.
Ou, talvez, sejam os fotógrafos uns seres muito egoístas. E queiram guardar só para si, para a sua intimidade, os tesoiros que têm. Sem artifícios ou tecnologias.
Ou então… Ou então os fotógrafos apercebem-se, mesmo sem darem por isso, que aqueles que lhes são queridos e amados devem estar protegidos dos olhares conspícuos de quem vê fotografia aqui e ali. Exactamente aquilo que eles, fotógrafos, não fazem quando registam desconhecidos e o exibem.

Grandes pensadores se debruçaram sobre o acto de fotografar e os motivos que estão por detrás disso.
Interessante mesmo é verificar que raríssimos são os que afirmam tal coisa.

Ou bem que estou completamente enganado ou então tiveram eles medo de serem apedrejados na praça pública.

By me

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