segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Ou bem que pensas, ou...





Esta “crise” resulta de não haver riqueza no país!
Não há riqueza nos bolsos dos cidadãos nem há riqueza nos cofres do estado. Sendo que esta segunda só existe quando houver a primeira, quanto menos a primeira, menos a segunda.
É fácil fazer estas contas.
Podemos então perguntarmo-nos porque é que não há riqueza.
A riqueza advém da existência de bens: de comer, de vestir, de habitar (os mais básicos), e da capacidade de os transaccionar. A isto acrescente-se a possibilidade de fazer chegar esses bens a quem deles precisa, a capacidade e os conhecimentos de bem os produzir, o bom estado de saúde que quem os produz…
Claro que a riqueza advém também da capacidade de se produzirem e comercializarem coisas e serviços que, não sendo as mais básicas, proporcionam bem estar a quem as usa e que, sendo produzidas para além do necessário aos produtor, permite comercializar junto de quem não as tem: automóveis, electrónica de consumo, turismo…
Nestes últimos anos, talvez vinte, talvez trinta, temos vindo a descurar a produção dos bens mais essenciais, os que produzem a riqueza básica: importamos mais que produzimos em comida, em vestuário, em materiais de construção. Vergados ao peso de acordos internacionais, temos vindo a incentivar o fecho de explorações agropecuárias, a abater os navios de pesca, a reduzir a capacidade de produção mineira… E a incentivar igualmente a aprendizagem de ofícios que, numa sociedade rica seriam úteis, mas que numa pobre de pouco servem: profissões de actividades não produtivas de bens (e de riqueza): advogados, historiadores, politólogos…
Por outras palavras: perdemos a capacidade de auto-suficiência e passámos a depender quase que em exclusivo daquilo que outros países produzem e que nos vendem para riqueza… deles.
Esta alteração da sociedade e da capacidade de produzir riqueza tem vindo a acontecer aos poucos desde há uma vintena de anos, mas a passos decididos. Conduzindo-nos ao ponto em que nos encontramos: incapazes de produzir riqueza e dependentes das boas vontades exteriores, governamentais ou privadas.
Será então pertinente perguntarmo-nos quem nos tem levado a esta situação.
Os nomes são muitos, uns mais públicos, outros mais privados, uns mais odiados, outros cujos nomes chegamos mesmo a ignorar.
Mas o certo é que os agrupamentos a que pertencem, pelo menos boa parte deles, são conhecidos. Pelo menos aqueles cujas decisões ou acatamento de decisões acontecem supostamente em nosso nome: são partidos políticos com assento na Assembleia da República, que vão redigindo e aprovando leis que têm vindo a incentivar ou aceitar a permanente redução da capacidade de produção de riqueza no país.
Na sua essência, são três partidos políticos que isoladamente ou coligados o têm feito, passando o tempo cada um deles a atribuir as responsabilidades dos acontecimentos aos outros.
Mais interessante ainda é que esses mesmos partidos políticos, e os membros que os constituem, têm ocupado os diversos cargos porque nós, cidadãos, ao votarmos, é neles que confiamos: nos agrupamentos e nas pessoas.
Por outras palavras, fomos nós que os incumbimos de fazer o que fizeram, quer decidindo, quer acatando as decisões de outros.
Está na altura, provavelmente, de pormos a mão na consciência e de concluirmos que a situação que atravessamos é culpa nossa. E que, quando ou se tivermos que tomar novamente decisões, devemos aprender com o que estamos a viver e as suas causas.
Chamando pelos nomes, o exercício da governação tem sido, nos últimos vinte ou trinta anos, executado pelo PS, PSD e CDS, sozinhos ou coligados. E, com maior ou menor velocidade, foram estes agrupamentos partidários e os seus membros que nos conduziram a este ponto. E fomos nós, os cidadãos, que exercendo a Democracia os escolhemos para tal.
Se em breve tivermos que escolher gente para remendar este buraco em que nos encontramos, não nos esqueçamos de quem o criou e alimentou!
E sejamos capazes de, 2.000 anos passados, demonstrar que já não é verdade o que afirmou um general Romano ao seu imperador:
“Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa nem se deixa governar!”

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