segunda-feira, 18 de março de 2024

Velharias




E a pergunta para queijinho é: Reconhecem o que está na imagem?

Alguns, talvez muitos, dirão que se trata da tampa de um cesto de vime com qualquer coisa por cima.

A esses eu direi que têm algum tipo de raízes à vida no campo ou ao artesanato. Que isto, enquanto objecto de uso quotidiano, principalmente nas cidades, é algo de raro. Eventualmente a acompanhar os ranchos folclóricos.

Quanto ao que está em cima, poucos saberão. Só os mais antigos e que faziam viagens de comboio. Das longas.

Trata-se de um cinzeiro de uma carruagem da CP, que estava fixado nas paredes, junto aos bancos sob as janelas. Ou ao longo do corredor, também sob as janelas, em havendo compartimentos. Coisa que faz tempo que não está em uso, como se calcula, em virtude das leis sobre o uso de tabaco nos tansportes públicos.

Juro que não fui eu que o palmei. Teria que ser há bastantes anos. Nem tem aspecto de ter sido arrancado de onde estava. Suspeito que terá sido retirado quando vieram ordens para isso. Terão sido muitas centenas. E que talvez tenham sido vendidas a peso, sendo que algumas terão escapado à fundição. Como esta, ainda com restos de cinza seca no seu interior.

À minha mão veio parar, a troco de quase nada, numa feira de velharias e trastes velhos.

E por cá irá ficar, como memória viva dos tempos em que se fumava nos comboios, se jogava às cartas e em que galinhas, coelhos ou verduras faziam parte da bagagem. Nestes mesmos cestos.

Consigo imaginar um avental aos quadrados e um lenço numa cabeça.

By me

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