sexta-feira, 1 de março de 2024

K50




Esta é a última da minha série sobre as minhas Pentax DSLR. Esgotaram-se. Por enquanto.

E este exemplar, K50, não foi adquirido da mesma forma que as restantes.

Encontrei-a numa loja de artigos usados e ponderei bem e durante algum tempo dois factores: “Não me faz falta para fotografar mas estou a ficar colecionador” e “Numa digital usada nunca sabemos ao certo em que estado está o sensor, apesar do número de obturações”.

A tentação foi mais forte e fiz negócio. Até agora não estou arrependido.

Corresponde às expectativas, não aparenta nenhum problema e, na gama das APS-C, substitui a K7, a necessitar de ser revista.

Claro que o problema de alternar entre um modelo, outro ou outro é o da ergonomia. Em cada modelo a gestão de comandos e botões varia, não sei se apetite de “inovar” por parte do criador e por influência de utilizadores que sugerem esta ou aquela alteração.

Se a ocasião me surgir e eu tiver como o fazer, há uma câmara, ou um tipo de câmara, que gostaria de acrescentar às que já possuo.

É característica do equipamento fotográfico o ser preto ou cromado. É antiga esta escolha e consigo entender vários motivos subjectivos para tal.

Se, por um lado, a câmara tem que ser discreta para não fazer parte do que fotografa chamando a tenção para si, então o preto é a discrição por excelência.

Por outro, a tradição talvez venha dos foles da câmaras bem antigas, em preto para não velarem a película.

Já o cromado tem uma conotação com solidêz, fiabilidade mecânica, tecnologia física no seu melhor.

E nós, fotógrafos, até nem reclamamos e as escolhas são feitas entre as duas opções pelo gosto ou sensibilidade.

Os modelos coloridos, do branco ao vermelho, passando pelo rosa, amarelo ou verde, têm uma interpretação de “brinquedo”. Para o fotógrafo, ter um brinquedo caro nas mãos não é confortável psicologicamente. Para o cliente... quem leva a sério um profissional com uma coisa daquelas nas mãos?

Claro que sabemos que é bem mais importante o recheio que a embalagem e que, com qualquer cor de câmara, um fotógrafo pode e deve fazer boas fotografias. Mas a parte subjectiva...

Gostava eu de ter uma câmara que fosse que fugisse dos padrões de aspecto. Talvêz que em branco. Ou em côr de rosa. Como peça de coleção e para ver a reacção dos fotografados ao ser utilizada a sério algo que parece um brinquedo.

Só mais um aspecto, nisto que já vai longo: a introdução do digital em câmaras reflex não resultou apenas no tipo de suporte e tratamento dado à imagem.

As câmaras sofreram uma modificação de monta: a identificação do modelo passou para o lado da mão esquerda, em vez de na da direita como vinha sendo hábito. O recurso a baterias com algum volume, o acréscimo de componentes electrónicos e o apoio anatómico para a mão direita a isso obrigaram.

Mas isso também fez mudanças na forma de fotografar uma câmara fotográfica. Mudou-se o eixo de orientação da câmara, ficando ela virada para a esquerda da imagem. Na nossa cultura ocidental isso não é inconsequente e, confesso, tive alguma dificuldade em aceitar os enquadramentos que isso me obrigavam. Porque, e para além da técnica, da estética e da ética, a semiotica também conta.

 

Lumix DMC-TZ60

By me

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