A liberdade em que vivemos dá-nos um direito universal de
que, as mais das vezes, não nos damos conta: o direito ao disparate.
Podemos pensar e dizer as coisas mais absurdas, mesmo contra
a liberdade ela mesmo, que não se considera nem crime nem anti-social nem mesmo
reprovável. Apenas leva o carimbo de “disparate”.
Aquilo que alguns agora candidatos ao Parlamento não se
apercebem é que os disparates que dizem contra a liberdade de ser e pensar são,
eles mesmos, atentatórios contra a liberdade que eles, os candidatos, têm de os
dizer.
O que se torna perigoso nesses discursos inflamados e plenos
de restrições à liberdade individual é que essas propostas programáticas surgem
disfarçadas de boas intenções, apelativas para quem não veja para além da
embalagem.
Os que defendem a liberdade no seu sentido lato não devem
impedir que o direito ao disparate seja cerceado. Podem e devem é agir dentro
do conceito de democracia para impedir que esses disparates se possam tornar
lei. Impedir que os discursadores de perigosos disparates possam ocupar cargos que
cerceiem a nossa liberdade.
Quando no próximo acto eleitoral fizermos escolhas, devemos
ter isso bem presente.
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