terça-feira, 12 de junho de 2018

Pepinos e jornalismo




As minhas manhãs iniciam-se, desde há muito, com uma ronda pelas notícias on-line. Defeito profissional, que querem!
Nas de hoje, o título de abertura principal, ou na secção internacional, fala da cimeira entre os presidentes norte americano e norte coreano. Faz sentido!
E, tal como nos últimos dias, muitas têm sido as notícias em torno do assunto: umas mais sérias e preocupantes, outras mais leves “divertidas”.
Hoje encontro uma destas últimas: a ementa do almoço que uniu os dois presidentes em torno de uma mesa.
Nela, fala-se de uma entrada pouco conhecida, que uma jornalista a BBC foi investigar: pepinos recheados. E, diz-nos o jornal, que se trata de algo muito apreciado no norte, desde os tempos da Dinastia Joseon.
Fiquei eu curioso: essa dinastia aconteceu quando, de quando a quando? Convenhamos que os detalhes históricos sobre dinastias não serão conteúdo corrente nos livros de história das nossas escolhas. Nem tema de conversa de café. Fui saber.
A web, mais rica sobre a história da Coreia do que eu esperava, disse-me que a Dinastia Joseon começou em 1392 e terminou em 1897. Admitamos que longa. E que abrangeu toda a península coreana. E que esteve em conflito com os seus vizinhos chineses e japoneses, uma vezes mais intensa outras mais leves. Nada de estranho, de acordo com o muito pouco que sei da história mundial e para um período tão longo.
E é a sua longevidade e área de influência que me leva a questionar a notícia: então uma iguaria está datada num período de 500 anos e é desconhecida? Indo mais longe: a expressão usada na notícia é “desde o tempo de…” Desde o seu início? Era conhecida no seu final, que terminou há pouco mais de um século? E são os pepinos vegetais tão raros assim naquele país? E recheados com quê? Vegetais? Carne? Peixe? Marisco?
Quando eu era pequeno, havia uma paragem obrigatória no caminho de férias da família para uma refeição que a todos agradava: pimentos recheados. Para meu sofrimento, que sempre odiei o sabor dos pimentos. Mas sei, apesar de não os ter comido, que o recheio desses pimentos era composto por uma mistura de carne picada e vegetais. A minha alternativa, apesar do incómodo do aroma intenso dos pratos vizinhos, era um clássico bitoque.

O jornalismo de hoje é assim que se faz: contam-se umas pontas soltas, sem contextualização nem desenvolvimento. E quem quiser que vá saber mais.
Foi o que fiz e encontrei alguns artigos sobre o assunto. Não teria sido difícil ao articulista fazer o mesmo, já que evidenciou a iguaria.
Deixo à vossa curiosidade o irem procurar qual o recheio dos pepinos que foram servidos a tais personalidades.

Fotografia palmada da net
By me

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