Gente houve que ontem se deslocou a lugares mais ou menos
especiais para fazer a celebração. O mais conhecido destes é Stonehenge.
E juntaram-se, oraram, usaram cores e roupas coloridas,
flores na cabeça e decorações corporais alusivas à natureza.
De um modo ou outro, repetiram rituais antigos, conhecidos
ou supostos, tentando estar em uníssono com um deus cósmico ou universal.
Bonito e mais ou menos mediático pela raridade actual das
práticas e conceitos.
Por mim, assumido como agnóstico, não fiz nenhuma dessas
coisas. A ideia que tenho do divino é todo o universo, englobando vivos e
inanimados, conhecidos e desconhecidos, num todo uno em que cada um é parte
dele. Tal como cada átomo nosso faz parte do corpo que somos. E não faz sentido,
pelo menos para mim, agradecer-me do que quer que seja.
Mas tentei não deixar passar o dia ignoto.
Para além do alertar os meus iguais do momento particular
(como venho fazendo deste há muitos anos) guardei uns minutos para apreciar o
fim do dia mais longo do ano neste hemisfério.
Coincidiu com um dos passeios diários com o cãopanheiro. E,
enquanto ele se preocupava com os cheiros da terra, na busca dos estímulos para
se aliviar ou marcar território, no meio de ervas e insectos, eu apreciava o
chegar da noite, a artificialidade da luz humana e, coincidência, um fogo de
artifício lá longe, largado para lá da linha de horizonte meio citadina.
Na nossa busca pelas explicações, mais teológicas ou mais
científicas, do que nos cerca, ignoramos as mais das vezes as coisas simples
mas quase imutáveis. Que existem muito antes dos seres vivos, humanos incluídos,
terem surgido no planeta. E que continuarão a existir muito depois de já nem
haver memória de por cá termos estado.
Espero que tenham tido um bom solstício e veremo-nos com
este tema na próxima data equivalente: o equinócio.
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