Em ’82 estive em Málaga a colaborar com a transmissão do
Mundial de Futebol de Espanha.
Tenho os registos fotográficos algures, no arquivo.
Mas trago memórias inolvidáveis que em pouco se relacionam
com futebol:
Uma cicatriz na cabeça, já que a parti por lá de encontro a
uma viga de betão ao preparar o material;
O saber quanto pesa um leão bebé, já que o tive ao colo para
assim ser fotografado;
Uma troca de palavras azeda com o director do Centro
Operacional local, já que quis menosprezar a qualidade e profissionalismo dos
técnicos portugueses que ali estavam a colaborar e ainda antes de nos ver a
trabalhar;
Uma conversa com um argentino (tinha acabado havia semanas a
guerra da Falkland) que me disse que no seu país havia liberdade, já que podiam
sair à noite;
O saber que cerveja com gasosa é tão desenxabido quanto os “expressos”
que por lá se vendem;
O ter assistido à representação de “Porgy and Bess” por uma
companhia novaiorquina e ter sido substituído pelo director técnico que se
ofereceu para eu ter a noite livre;
O ter dado formação a colegas espanhóis;
As centenas de fichas BNC cravadas, já que tudo foi montado
de raiz;
Os rostos de alguns dos companheiros com quem ali trabalhei
e aprendi;
O ter medido 42º à sombra e antes de almoço;
E…;
E…;
E…;
Não preciso de fotografias para activar a memória.
By me
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