sexta-feira, 15 de junho de 2018

Censuras e soluções




Naquele ano, uma das propostas feitas a uma das turmas foi o fazer-se uma fotografia para ilustrar a capa de um livro policial.
Discutimos o que é um livro policial, falámos dos estereótipos, concebemos espaços e manchas a preencher e deixar livres para títulos e grafismos de editor e cada grupo ficou de conceber e executar um trabalho.
Um dos grupos, três mocinhas, apresentou uma proposta que incluía um quase semi-nu. Por aquilo que conversámos, nada que se são visse nos escaparates das livrarias, na secção dos policiais.
E discutimos as técnicas e as éticas envolvidas.
Acontece que a direcção da escola onde isto decorria soube da coisa, chamou-me e interditou a realização daquele trabalho em particular. Entre outros aspectos, puseram em causa o que os pais ou encarregados de educação poderiam dizer, se soubessem que na escola se faziam fotografias daquelas. Peremptória, a interdição.
Quando voltei a encontrar-me com o grupo, expliquei-lhes a situação e trabalhámos uma imagem alternativa, aceitável perante quem decidia.
No dia da execução do trabalho, em que o estúdio estava por nossa conta, ele foi feito de acordo com as indicações superiores: técnicas, estéticas e objectivos cumpridos de acordo com o combinado.
Em terminado, e havendo tempo disponível, disse-lhes que tinha que ir tratar de um assunto à secretaria, que era coisa para demorar uma hora, mas que elas poderiam ficar por ali, aproveitando espaço e equipamento. Entreguei-lhes um rolo virgem e fui.
Nunca soube o que ali aconteceu naquela hora. Mas quando regressei, depois de ter ido à secretaria, ao bar por um café, ao pátio fumar dois cigarros e ter dado uns dedos de conversa com quem por ali estava, o ambiente naquele estúdio era esplêndido.

By me

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