Parece que vai fechar a pastelaria Suíça.
Para além de tudo o que isso significa dentro do campo do
excesso de especulação imobiliária e turística, desaparece mais um pedaço de
história. Daquela história que não consta dos livros, mas verdadeira. Como
todas as histórias que não se contam.
Há umas dezenas de anos valentes, era normal ver as senhoras
finas nas boas pastelarias da cidade a lanchar. Na Suíça e noutras, algumas das
quais ainda não ameaçadas.
Algumas dessas senhoras pediam um serviço de chá frio, que
lhes era servido: bule cheio, leiteira, açúcar, scones, manteiga, doce…
Acontece que este pedido não era o que aparentava.
No interior do bule, no lugar de chá existia vinho branco.
Que era bebido com o mesmo deleite que se sabia existir nos tascos.
Acontece que as senhoras finas não podiam ser vistas a beber
vinho branco em público. Não era decente.
Por isso o “chá frio”, código cúmplice de consumidoras e
alguns empregados de algumas pastelarias finas da cidade.
Com o anunciado fecho da pastelaria Suíça, desaparecem algumas
das paredes que o testemunharam.
Ficam as memórias dos que as viveram. Que não eu, que esta
história que não consta dos livros me foi contada por quem assistiu e por quem
serviu chá frio.
By me
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