segunda-feira, 3 de julho de 2017

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Na versão electrónica de um jornal, duas notícias na secção “País”. Seguidas.
Uma tem o título “Acidente: Uma pessoa morreu em colisão de veículos na Maia”. A outra é titulada “Óbito: Morreu o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora”.
Na segunda faz-se uma resenha da vida do defunto, académica, profissional e política, e é-nos dito que morreu de doença prolongada.
Na primeira dizem-nos que além do morto houve mais um ferido mas que a fonte informativa não soube informar género ou idade do falecido.
O anonimato de um e a publicidade de outro torna uma das mortes menos trágica que a outra? A morte prevista, porque de doença prolongada, é mais pungente que a outra, súbita e imprevista? A vida de um, porque pública e notória, é mais importante que a do outro, ignoto e anónimo? Perguntem aos familiares e amigos de um e de outro.
Óbito e acidente. Assim se tratam, ao mesmo tempo, políticos e Zé Povinho.


Por vezes tenho vergonha do meu ofício.

By me

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