Vi-as chegar. Duas
moçoilas, de vinte e troca o passo, vestidas para muito calor ou muito exibir.
Nem importa.
Pararam junto do
início da fila, que tinha umas talvez quarenta pessoas, olharam para aquela
minúscula multidão, e deixaram-se ficar. Topei-as.
Quando o autocarro
abriu a porta, os que estavam na fila começaram a entrar. Com a lentidão
habitual. Até que, quase na minha vez, deram o golpe.
Como se nada fosse
com elas, chegaram-se à frente e uma delas ainda subiu o primeiro degrau. Com
muito pouca sorte, que estava ao alcance do meu braço.
Se a sua pele
acobreada for de ficar com nódoas negras, terá o que mostrar nos próximos dias,
que a minha mão filou-a pelo braço por alturas dos bícepes e puxei-a, com um
valente “Alto! Onde pensa que vai?”, suficientemente volumoso para se ouvir
dentro e fora do autocarro.
A amiga, ainda na
rua, protestou com um “Estávamos distraídas, na conversa”, só para ver se
pegava.
E a arredada, já
no passeio, lançou em tom de insulto:
“Ele está é mal
amado!”
Parei entre a
porta e o obliterador, voltei-me e, por cima dos ombros de quem me seguia,
retorqui:
“Mal-amado não
estarei eu. Mas que você é mal-educada e arrogante, nenhum de nós tem dúvidas!”
E segui.
Não ouvi mais nada
que não fosse, lá mais atrás no autocarro, a continuação do burburinho que se
havia levantado com o desplante das caramelas.
By me
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