segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Café
No meio de tantos
dias mundiais disto e daquilo, não há um que seja o “Dia Mundial do Café”?
Para quem acorda a
esta hora da madrugada, essa seria a celebração mais aplaudida!
By me
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Roubos
Para que conste,
este aviso está colocado no vidro que serve de parede exterior do Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social, em Lisboa.
Informa ele das
formas de pagamentos de dívidas à segurança social.
E nele ficamos a
saber que só se aceita numerário até ao valor de 150 (cento e cinquenta) euros.
Acima dessa quantia a pagar, só cheques visados ou multibanco.
Pergunto eu, que não
tenho dívidas à segurança social:
Para me relacionar
com o estado tenho que ter conta num banco?
Para me relacionar
com o estado tenho que ter um contrato com uma entidade privada?
Porque é que para
me relacionar com o estado tenho que dar dinheiro a ganhar a bancos ao ter e
manter uma conta num deles?
Será que o
dinheiro não é uma forma legítima de pagamento em todo o território nacional?
Fala-se dos “buracos”
nos bancos. Mas é o próprio estado que nos obriga a financiá-los, com esta
obrigação de ter conta num.
Não sei quem rouba
mais.
By me
Prazeres
Coisas que me dão
prazer fotográfico.
Entrar num local
(real ou virtual) e reconhecer consistência nos trabalhos fotográficos
exibidos. Perceber que quem ali está a expor-se tem uma linha de forma ou de
conteúdo definidas, quer o próprio o reconheça ou não.
E ainda me dá mais
prazer o entrar num local (real ou virtual) onde estão trabalhos de vários fotógrafos
e reconhecer um autor de fotografias mesmo antes de ver o seu nome.
Posso não gostar
do que vejo ou gostar muito, pouco importa. Mas uma coisa é certa: aquele autor
fotográfico é bom.
.
Grades
Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser,
muda-se a confiança;
Todo o mundo é
composto de mudança,
Tomando sempre
novas qualidades.
Continuamente
vemos novidades,
Diferentes em tudo
da esperança;
Do mal ficam as
mágoas na lembrança,
E do bem, se algum
houve, as saudades.
O tempo cobre o
chão de verde manto,
Que já foi coberto
de neve fria,
E em mim converte
em choro o doce canto.
E, afora este
mudar-se cada dia,
Outra mudança faz
de mor espanto:
Que não se muda já
como soía.
Luís Vaz de Camões
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Liberdade
Abro os jornais
on-line diários e constato que a questão do cartaz do Bloco de Esquerda, onde
se diz que Jesus teve dois pais, continua a ser a ser assunto de primeira página.
Continuam a reportar
as vozes dos que condenam o seu conteúdo, sem que oiça voz alguma que o elogie
ou, ao menos, que fale de ser inócuo e divertido.
É uma abordagem interessante
por parte dos media: não criticando abertamente, só dão voz aos que o fazem,
omitindo opiniões contrárias.
E tudo isto me
recorda este desenho ou cartoon, da autoria António e publicado em 1992. A polémica
de então foi que não seria legítimo assim caricaturar o então papa e a sua
posição em relação ao uso de preservativo.
Os media vieram a
terreiro afirmar que se tratava de liberdade de expressão, que se tratava de
humor, que a censura já tinha acabado… a coisa morreu aí, apesar da movimentação
de grupos de cidadãos indignados com a ofensa à religião.
Podemos publicar e
divulgar caricaturas de Maomé; podemos ter estatuetas absurdas de plástico
gozando com Buda; podemos dizer que há algumas mulheres que vão para a Índia
porque lá adoram as vacas…
Agora com o
cristianismo é que se não pode brincar, dê lá por onde der.
Por todos os
deuses do Olimpo: não sejam hipócritas ao defenderem a liberdade de expressão!
By me
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Perspectivas
Aos amigos a quem
prometi um textinho dos meus sobre diafragmas, profundidades de campo, tamanhos
de sensores e mais umas minudências destas, os meus pedidos de desculpa.
Fazer uma coisa
dessas de raiz não é tarefa fácil e, infelizmente, a minha vida pessoal e profissional
não me tem dado a paz de espírito que tal projecto implica.
Espero que, em
breve, possa emendar a mão.
Por aqui, no ofício
e fora dele.
Até porque,
convenhamos, tudo depende sempre da perspectiva e da profundidade com que enfrentamos
a vida.
By me
A espera é!
Caminhava com aquele passo firme e decidido de quem vem de parte alguma e vai para lugar nenhum.
Tão eu nestes dias...
By me
Batata frita photográphica
Por mim, podem
chamar-lhe batata frita, rabicha do arado ou australopitecus. Que o que é
importante é que nos entendamos e o resto é conversa fiada. No entanto…
No entanto
custa-me ouvir e ler a palavra “lente” referindo-se a “objectiva”.
Que lentes tenho
eu nos meus óculos, uma de cada lado. Por acaso até tenho lentes nos olhos, que
são de geometria variável e dão-lhe o nome de cristalino. Tal como a minha lupa
é uma lente.
Mas ela só é uma
lente até ao ponto em que a coloco num tubo e ponho tudo à frente de um sensor
de imagem, eléctrico ou físico.
A partir daí passa
a chamar-se objectiva, com ou sem posição variável para efeitos de foco, com ou
sem luminosidade controlada para efeitos de exposição.
Mas um sistema
óptico, colocado num sistema de registo de luz, cuja função seja alterar a
trajectória dos raios luminosos, para criar uma imagem real e invertida,
composta que seja por um ou vários elementos, com posicionamentos relativos
fixos ou variáveis só é, na minha língua, uma objectiva. É isso que ela é!
Agora se lhe
chamam “corrente d’ar”, “campainha de porta” ou acelerador de partículas”,
basta que todos o saibam para que todos se entendam.
Resta esclarecer
que se lhe chamarem “acelerador de partículas” deverão dizer, como complemento,
“de sinal negativo”. É que a luz refracta-se e é desviada na sua trajectória
porque diminui de velocidade ao passar de um meio menos denso para outro mais
denso. E o inverso também é verdade.
E sendo que estas
alterações de velocidade não são iguais para todos os comprimentos de onda
(cores) as lentes (porque são compostas de um só elemento e sem tratamento de
superfície) têm “aberrações cromáticas”. Por seu turno, as objectivas, porque
possuem elementos de densidades variadas, curvaturas diferentes e tratamentos
de superfície específicos, têm essas aberrações reduzidas ao mínimo, de acordo
com a qualidade dos materiais e que se reflectem no respectivo preço final.
Quem se daria ao
trabalho de fotografar usando apenas uma lente e sabendo que a qualidade resultante
é bem inferior à de uma objectiva? Eu faço-o, mas a título de experiência e com
os resultados controlados.
Mas eu não sou
referência, já que photographo com objectivas e com lentes, mas conhecendo-lhes
as diferenças. E nunca tentei com batata frita, mas há sempre uma primeira vez
para tudo.
By me
.
Nada é imutável,
nem mesmo o universo.
Mas há coisas e
lugares que consideramos como nossos e que, em desaparecendo, levam um pouco de
nós com eles.
A Sul América é um
desses!
E ler isto foi uma
péssima forma de começar o dia.
In “ O corvo”, um
site de Lisboa, em 25-2-2016
Pastelaria Sul América
fechou ao fim de 56 anos de existência em Alvalade
Nem mesmo o facto
de manter a esplanada quase sempre cheia, sobretudo em dias de sol, e de
continuar a ser, 56 anos depois de ter aberto na Avenida de Roma, uma extensão
da Escola Secundária Rainha D. Leonor, impediram que a pastelaria Sul América
fechasse.
Domingo, 21 de
Fevereiro, foi o último dia de actividade deste velho café pelo qual passaram
várias gerações de estudantes e de moradores do bairro. E, na passada
segunda-feira, a pastelaria já não serviu bolos.
Nos vidros da
porta, revestidos a papel branco, lia-se apenas: “Estabelecimento encerrado”.
Foi mais um velho café de Alvalade a fechar as portas – que não se sabe ainda
quando reabrirão ou com que funções.
Alfredo Lopes,
detentor do quiosque de jornais situado mesmo em frente da pastelaria, partilha
a tristeza de ver a Sul America de portas fechadas. Mais do que tristeza, até,
a preocupação de perder a clientela que a antiga pastelaria lhe trazia. “Muitos
eram também meus clientes”, salienta.
“Estou aqui na
Avenida de Roma há 44 anos e a Sul América já existia quando vim para cá.
Agora, resta-me esperar que abra outra pastelaria que venha substitui-la…porque
isto só dá para ser um estabelecimento deste tipo. Mas sabe-se lá quando é que
isso irá acontecer”, questiona-se.
“Ao que me
disseram, os donos tiveram um contratempo com o senhorio, que lhes aplicou um
aumento de renda muito grande e eles viram-se obrigados a fechar”, diz ao Corvo
Alfredo Lopes. Esta explicação para o encerramento não está, porém, confirmada
pelos proprietários da Sul-América, que O Corvo tentou ontem contactar mas sem
êxito.
No interior da
pastelaria, na passada terça-feira estavam ainda dois empregados, envolvidos em
limpezas do estabelecimento, mas ambos remeteram qualquer esclarecimento para
os proprietários.
No bairro de
Alvalade – onde, a cada dia, surgem novos estabelecimentos mais modernos,
embora alguns deles com vida demasiado breve -, fechara igualmente, há cerca de
um ano, a pastelaria Nova Lisboa, que já tinha 65 anos de existência.
Mas, meses depois,
em Julho de 2015, a Nova Lisboa reabriu com uma nova gerência e num formato
diferente, em que os bolos deixaram de ser a grande atracção. Manteve, porém, o
balcão da cervejaria e o restaurante que lhe estava associado, que foram ambos
alvo de obras, e, pouco tempo depois, muitos dos velhos clientes, quase todos
com a mesma idade da antiga pastelaria, regressaram.
No caso da
Sul-América, porém, não se sabe que tipo de estabelecimento poderá surgir. “A
pastelaria fechou de vez”, assegura o dono do quiosque, que, privado da
clientela habitual, também já não sabe por quanto tempo se irá ali aguentar.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Pagamentos
As traseiras da
casa onde me fiz homem davam para uma rua sem saída. Toda a rua era traseiras,
excepto lá no fundo onde uns poucos de prédios, em forma de largo, davam o deu
melhor para esta artéria.
Hoje é
parqueamento diurno e nocturno de moradores e não só. As frondosas árvores de
agora eram então raquíticos troncos eternamente ameaçados na sua sobrevivência
pela seca e as bolas com que a miudagem as acertava, já fora da linha lateral
definida pelo lancil do passeio.
Sei que a acústica
era boa. Não apenas se ouviam bastante bem as vozes maternas chamando os
rebentos para a mesa ou cama, como pelo canto e música que se ouvia.
Ficava esta rua no
roteiro de dois homens que cruzavam a cidade, pedindo esmola. Mas não o faziam
de porta em porta, estendendo a mão à caridade de quem as abria.
Um deles com o seu
saxofone e o outro com a sua voz, davam-nos pequenos mas belos concertos de
árias clássicas ou populares.
O instrumentista
era cego, o vocalista não possuía o braço esquerdo. Mas juntos, na sua
deficiência, suplantavam alguns palcos de fraques e toilletes janotas.
As janelas
engalanadas de roupa a secar enchiam-se de miúdos e graúdos, para os ver e
ouvir. Mesmo até ao topo do alto 13º andar, o 3º balcão daquela sala aberta
para o céu.
Depois da sua
actuação de uns bons quinze a vinte minutos, ajudada pela acústica da rua, o
cantor circulava junto aos prédios, olhando para cima e para o chão. Recolhia
os pedaços de papel com moedas que eram atirados pelas janelas dos moradores.
Rasguei várias
páginas dos cadernos da escola.
Não eram esmolas!
Eram antes o pagamento sincero de bons momentos que ficavam na memória. Pela
raridade e pela qualidade.
Na minha mente,
sempre imaginei o cantor como um deficiente da guerra do ultramar, mas nunca o
soube ao certo. O que era garantido era que, de cada vez que passava, talvez de
três em três meses, a sua voz acompanhava o cabelo: envelhecia e perdia volume
e qualidade.
Até que deixaram
de aparecer.
Hoje, quando vejo
alguém a tocar na rua, de cesto, caixa ou lata no chão em frente, num convite à
esmola, recuso.
Não dou!
Não dou uma
esmola!
Pago!
Pago o prazer que
tenho em estar uns minutos parado, ou mesmo que só de passagem, a escutar
música ao vivo, inesperada, bem ou mal executada mas ali, ao vivo. Que me
aquece a alma.
Não dou esmolas:
pago um serviço!
By me
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Fim
O fim nunca é definitivo. Tal como a palavra “nunca”.
A morte, por exemplo, não é um fim por sim mesma, mas antes
uma passagem para qualquer outro estádio/lugar, muito especulado mas nunca
provado.
Um livro, também por exemplo, não tem um “fim”. Tem, antes
sim, um empurrão para que o leitor siga a estória contada a seu bel-prazer,
usando-o como ponto de partida.
Igualmente como exemplo, uma relação não tem um fim. Tem antes
uma transformação de algo em algo, de um sentimento noutro sentimento. Tal como
a morte, o fim de uma relação é uma passagem para outras relações.
Tal como o “sempre” e o “nunca”, também o “fim” e o “início”
são tão relativos quantos os estados de alma de quem os pratica ou enuncia.
By me
Estética
Alguém me explica
o que se aprende nesta escola?
Literatura?
Escultura? Fotografia? Cinema? Música? Arquitectura? Dança? Pintura? Canto?
Já agora: Alguém
conhece uma boa escola de Ética? Conheço uns quantos que bem precisavam de por
lá passarem.
By me
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Valores
É curioso
pensarmos que aceitamos ou toleramos pessoas que mentem. Mas não gostamos lá
muito de obras de arte falsificadas, plágios na literatura, cópias de produtos
made in china, etc.
Aceitamos de tal
modo pessoas que mentem que as escolhemos para governar o país, mesmo quando
sabemos que estão total ou parcialmente a mentir.
Mas fazemos um escândalo
terrível, com direito a julgamento e pena de prisão, quando encontramos
dinheiro falso.
Se calhar teremos
que rever a nossa ordem de valores. Que quando os objectos ou dinheiro valem
mais que pessoas…
By me
domingo, 21 de fevereiro de 2016
Limites
Saiba-se que os
limites da imagem – o enquadramento – tanto servem para esconder o que está visível
como para mostrar o que não está visível.
Depende do estado
de alma de quem fotografa e de quem vê.
By me
Adeus
Completam-se hoje
oito semanas que disse adeus a este hábito.
Entro hoje na fase
três, a última, e espero ter tudo terminado dentro de quatro semanas, talvez
menos.
A quem me deu o “pontapé
p’ra frente” neste processo, o meu enorme obrigado.
By me
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Parábola ou talvez não
“Então e foste
deitá-lo fora?”
“E o que querias? Velho,
sujo, amachucado e, ainda por cima, o miúdo está a ficar maior que ele… Servia
de alguma coisa guardar um traste destes? Já teve utilidade, já! Agora não vale
a pena.”
By me
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
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Sugestão do dia:
Faça sorrir alguém,
de preferência desconhecido ou quase, sem esperar receber algo em troca.
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Intimidade
Sendo certo que não
tenho gatos, que aqui por casa não pululam crianças e que não são ainda horas
de refeição, deixo-vos a fotografia da minha mão.
E pronto! Cumpri
agora aquilo que parece ser, de acordo com a opinião de muitos, o objectivo de
uma rede social: partilhar intimidades.
By me
WPP
E porque é de novo
notícia, tenho que voltar ao assunto:
O World Press
Photo.
Não ponho em causa
a qualidade das fotografias seleccionadas ou premiadas. Sem sombra de dúvida
que são boas ou muito boas.
O que ponho em
causa são os critérios de selecção das fotografias.
Trata-se de um
concurso de fotografias de imprensa. Publicadas ou feitas com esse intuito. E
sabemos que a imprensa tem uma panóplia de títulos e géneros, desde o social ao
desportivo, da decoração às armas, do automóvel aos gereneralistas, da
arquitectura à natureza…
Nestes títulos e géneros
encaixa todo o tipo de imagem: simpática, pouco simpática, agressiva, de violência,
ternurenta, arrojada, convencional…
Pois uma grande
parte das imagens seleccionadas ao certame e premiadas são violentas ou sobre
violência. A guerra, o sofrimento, as catástrofes, a violência na natureza, a
dureza da competição…
Como se a
fotografia de imprensa fosse só, ou quase só, este tipo de imagens.
Não é! E é-nos fácil
perceber que não é.
Pelo facto de não
ser mas os promotores do concurso actuarem como se fosse, não contam comigo
para engrossar as estatísticas dos visitantes, para alimentarem as contas bancárias
com o negócio das publicações associadas, nem para divulgar ou incentivar os
amantes da fotografia a fazê-lo.
No dia em que esta
organização entender e demonstrar que entende que há fabulosas fotografias de
imprensa que não apenas as de sofrimento ou violência, contam comigo.
Até, fico em casa.
Ou, ainda melhor, vou fotografar!
E, repito, não
ponho em causa a qualidade dos trabalhos apresentados.
By me
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Lido na net
Filosofia é como
estar num quarto às escuras à procura de um gato preto.
Metafísica é como
estar num quarto às escuras à procura de um gato preto que não está lá.
Religião é como
estar num quarto às escuras à procura de um gato preto que não está lá e gritar
“Achei-o”.
Ciência é como
estar num quarto às escuras à procura de um gato preto, só que temos o raio de
uma lanterna.
By me
Fotografia e emoção
Quando se escolhe
usar uma determinada condição de luz para fazer uma fotografia, não será apenas
porque nos apetece.
O maior ou menor
contraste no assunto principal, o maior ou menor contraste no segundo plano, a
orientação das sombras e quando delas vemos…
Tudo isto não
apenas define locais e estados emotivos como leva a colocar o espectador em
determinada posição de reacção ao que vê.
Tal como o uso da
perspectiva.
Quem use uma
câmara fotográfica e não considere isto (com estas ou quaisquer outras
palavras) não faz fotografia!
Limita-se a
fotocopiar o que o cerca, com tanta emoção quanto a contida numa lista telefónica!
By me
Ser
Tenho para mim que
a história da humanidade tem três momentos decisivos na sua evolução.
1 – A invenção da
escrita.
Sendo este momento
a fronteira que separa a história da pré-história, permite a escrita que o
pensamento vá para além da vida de quem o produziu, não dependendo de relatos
orais que, e sabemos, têm sempre algo de interpretativo e subjectivo.
2 – A invenção da
imprensa.
Permite isto que o
pensamento seja reproduzido um quase sem número de vezes, sempre igual,
permitindo a sua distribuição por inúmeros locais e acessível a inúmeras
pessoas. Não mais, a partir daí, a reprodução do pensamento ficou restrita a
uma classe elitista dos que sabiam ler ou escrever os manuscritos.
3 – A invenção da
rádio.
A possibilidade de
comunicar para além das fronteiras dos homens ou da natureza, alguém pensar e
emitir e qualquer um poder aceder a isso, bastando ter o aparelho respectivo.
O conhecimento e o
saber, aliados à sua perpetuação, são as chaves para a evolução. Tudo o resto
surge de uma forma mais ou menos natural e fruto disso mesmo.
Descubro agora num
artigo de jornal a existência de um site “pirata”, cujo objectivo é permitir o
acesso livre e gratuito a todos os artigos científicos que, de outra forma,
estariam reservados à elite endinheirada – muito endinheirada. O site é este:
sci-hub.io.
Talvez que esta
seja a passagem para o quarto momento de viragem realmente importante na história:
o acesso livre e indiscriminado ao pensamento e saber, para além da condição sócio-económica.
Palmas para esta
senhora!
By me
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
O segredo
“Olha! Sabes
guardar um segredo?”
“Sim! Claro que
sei.”
--------
“Então não dizes nada?
Não contas?”
“Não! Eu também
sei guardar um segredo.”
By me
.
Acho que me vou
repetir, mas gostava de ter uma conversinha cara a cara com o tipo que se
lembrou de imprimir em embalagens alimentares a expressão “Abertura fácil”.
Se tivesse que lhe
dar uma classificação, e numa escala de zero a mil, atribuía-lhe um valor de 2,75,
arredondados às centésimas.
.
Sonhos
Isto nada tem de extraordinário.
Ninguém pode, de facto, sonhar por outrem.
Mas encontrarmos alguém que sabemos ter ajudado a sonhar ou por de pé os seus sonhos...
Foi isso mesmo que me aconteceu, ao encontrar um ex-aluno e constatar que está bem na vida e que o ofício que exerce surge na sequência daquilo que aprendeu na escola onde trabalhei.
Os sonhos dele são e foram dele. Mas de algum modo ajudei a pô-los de pé e isso deixa-me feliz e orgulhoso.
By me
A câmara
Uma ocasião, há já
uns anitos valentes, tive que fazer um trabalho com um grupo de jovens, numa
escola.
Haveria que pôr de
pé um projecto, a partir do zero, com um tema genérico: “A câmara, a minha
amante”.
O objectivo,
escondido nesta proposta e a pedido da escola, era leva-los a tomar uma maior
consciência dos cuidados a ter com o equipamento e que é tão importante bem
cuidar dele como o resultado que dele tiramos.
Pondo de parte as
questões técnicas e pedagógicas (a direcção da escola sempre pensou que o título
era “a câmara, a minha amiga”) a verdade é que esta frase não é nenhum absurdo.
Apesar de ser
usada na maioria das vezes, para registar seres humanos, ela tem um
comportamento bem melhor que muitos deles.
A partir do
momento em que é criada uma relação de intimidade com uma câmara, ela mantém-se
fiel nos seus afectos, não enganando, não provocando decepções. Se a tratarmos
com afecto e carinho, será exactamente isso que teremos de volta.
Mesmo que o tempo
passe, que à excitação dos primeiros tempos se siga a rotina da cumplicidade recíproca,
mesmo que a idade provoque uma menor elasticidade nas reacções, com avarias ou
caprichos de momento, o certo é que a relação entre a câmara e o seu utilizador
mantém-se fiel e forte.
Podemos ter inúmeras
câmaras ao longo da vida. Teremos certamente, que as necessidades do que
fazemos e os consumismos inúteis a isso nos impelem.
Mas o certo é que
o relacionamento que tivermos com cada uma é exactamente o que teremos de volta.
Infelizmente, já não
podemos dizer o mesmo de muitos seres humanos.
By me
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
A espera é
Esta série de imagens
que vou fazendo, nada tem de pretensioso.
São tão só imagens
feitas mais ou menos de fugida, em regra com um telemóvel, em momentos em que a
espera é a tónica dominante.
Tem o acréscimo
fotográfico de serem eventualmente editadas no próprio telemóvel e publicadas
de seguida. Sem serem objecto de análise num ecrã decente.
O nome?
Bem o nome advém
de uma frase que consta de um livro. Lido faz umas dezenas de anos, na minha
juventude, trata-se do livro que mais comprei e ofereci, até que se tornou edição
esgotada. Recomendo-o, agora, na sua versão on-line. Basta procurar.
É a frase dita várias
vezes no sentido de a espera não ser um entrave mas o necessário a que o tempo
e o modo se completem até à perfeição do momento ou da acção.
Haverá que o ler
para o entender: “Um estranho numa terra estranha”.
By me
O sistema
Quando o conheci tinha trinta e tal anos.
Enérgico, imaginativo, conversador, bem disposto e brincalhão, era aquilo a que se chama um companheirão.
Tinha uns antecedentes atribulados. Fora motorista de camiões de petróleo no Norte de África e jornalista em Espanha. Aqui estava impedido de entrar, pois que seria preso. Recusava-se a identificar o elemento da ETA que ele tinha entrevistado e a polícia e os tribunais procuravam-no por isso.
Como não sabia estar tranquilo, procurou um ofício de alto risco e veio para junto de nós.
E encontrou o que procurava.
O sistema foi mais forte que ele.
Um dia, passou o portão com uma Walter 9mm na mão à procura de um dos directores. Não o encontrou porque, ajuizadamente, este fora esconder-se numa casa de banho.
Os ânimos amainaram e ele desapareceu. Dias mais tarde foi entregar-se, e mais à arma, num qualquer posto da GNR, algures no centro do país.
Esteve em tratamento e a trabalhar durante alguns meses. Era uma tristeza vê-lo naquele estado, mas sabíamos que era dos medicamentos.
Até desaparecer de novo.
Vim a saber, uns dias mais tarde e por uma chamada telefónica ao jantar na Bicaense, que estava tudo bem, tudo resolvido.
Tinham-no encontrado. Em Sintra. Na serra. Pendurado numa árvore.
O sistema tinha vencido em toda a linha.
Porque o José foi-se.
Porque nunca perguntaram àquele director, ou qualquer outro, o que se tinha passado.
Tudo continua calmo, porque o sistema vence sempre – quase sempre!
Hoje o sistema continua a vencer. Quase sempre.
By me
.
A quantidade de
gente que não diferencia dar de partilhar…
Que se na primeira
está em jogo o que sobra, na segunda o que se tem.
E, para quem tiver
dúvidas, um pequeno exercício:
Não nos recordamos
daqueles a quem demos, mas não nos esquecemos daqueles com quem partilhámos.
E é pouco importante,
nestas contas do dar ou partilhar, se se fala de comida, de sentimentos, de
dinheiro, de tempo, de objectos ou de ideias.
Dá-se o que sobra,
partilha-se o que se tem!
.
A bala
A quantidade de
asneiras que, em nome das vendas ou audiências, se lêem ou ouvem…
O título conta-nos
que um sniper britânico terá decapitado um líder do ISIS com um tiro.
A notícia, por sua
vez, diz-nos que o tiro foi disparado a uma distância de 1200 metros, qual o
modelo da arma e que foi usada uma munição especial.
Muito especial será
essa munição para conseguir cortar o pescoço da vítima.
Que todas as
outras munições e projecteis que conheço ou bem que furam o alvo ou bem que
explodem ao contacto. Algumas, essas sim especiais, furam e explodem de
seguida.
Agora uma munição
que seja capaz de decapitar, no sentido literal do termo (cortar como que com
uma lâmina ou machado), isso não conheço.
O mais provável é
que o projéctil tenha acertado na cabeça e explodido no interior, fazendo-a
desaparecer em muitos pedaços minúsculos. O resultado será o corpo de um humano
sem cabeça.
Agora decapitar…
By me
.
Siga estes
pequenos passos:
1. Esvaziar a
reciclagem do seu computador
2. Criar um
ficheiro qualquer (Word, Excel, Bloco de Notas);
3. Guardá-lo com o
nome "Cavaco Silva";
4. Apagar o
ficheiro;
5. Clicar em
"Esvaziar Reciclagem" ...
6. Aparece uma
mensagem de confirmação no ecrã, com a seguinte pergunta: "Tem a certeza
que pretende eliminar "Cavaco Silva"?";
7. Clicar em SIM.
Não serve de nada,
mas alegra o dia.
Até respiramos
melhor!
.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
É o silêncio
E é o silêncio que
dói, corrói, destrói.
E é o silêncio que
nos enlouquece, amolece, entristece.
E é o silêncio que,
mais alto que Zeus da sua montanha mágica, nos ensurdece.
E é o silêncio que
nos cega!
By me
.
Leio por aí
algures que uma mulher, adulta, saudável, com família e profissão, procura
empregada de limpeza para uma tarefa específica mas que não cobre mais do que
ela mesma ganha.
Por outras
palavras:
Alguém procura
alguém para fazer uma tarefa que não quer fazer mas pagando-lhe menos do que
recebe.
Para uma tarefa “indigna”,
um salário indigno!
Longa vida à
sociedade de aparências em que vivemos!
.
.
O mal de acordar é
que com isso regressam ideias, pensamentos, memórias.
E coisas há que
melhor seria se ficassem no olvido do sono.
.
Chuva
Tem estado de
chuva.
E depois, que mal
tem?
Nunca se esqueçam
que chuva no inverno significa poder tomar duche no verão.
By me
domingo, 14 de fevereiro de 2016
A mentira dos media
Quase seis meses depois, vejo-me na
contingência de republicar esta fotografia e este texto.
E a deixar bem claro o aviso: sejam cépticos
perante as fotografias e textos a que acedem na net e nos jornais. Se tiverem a
mais ténue sombra de dúvida ou suspeita, confirmem antes de replicar e dar
continuidade a boatos.
A mentira dos média
Isto de um tipo ter boa memória visual e um aguçado espírito céptico dá
nisto.
Em tudo quanto é lado se replica uma ou mais imagens de um mar de gente a querer embarcar num navio. E as legendas referenciam como sendo em Tripoli, África e como sendo refugiados desesperados para fugirem para a Europa.
Abri um motor de busca e usei-o.
Comecei por pesquisar o nome do navio: Vlora.
Trata-se de uma cidade na Albânia. Pouco consentâneo, portanto, com fugas de África.
Em seguida pesquisei por imagens, usando uma das que agora estão replicadas. E fui dar com este site que mostra as mesmas imagens reportando o vigésimo aniversário da chegada de mais de 15000 Albaneses a Bari, na Itália. No ano de 1991.
Em caso de dúvidas, observe-se com atenção os trajes e as cores de pele destes desgraçados a tentarem embarcar e compare-se com o que temos visto dos que agora chegam à Europa.
O drama agora é francamente maior. Na altura das fotografias, foram os Albaneses bem mal-tratados em Itália.
Agora estão a morrer no mar.
Escusavam era de nos mentir com fotografias!
O site é este: http://imgur.com/gallery/ OL3YC
Isto de um tipo ter boa memória visual e um aguçado espírito céptico dá
nisto.
Em tudo quanto é lado se replica uma ou mais imagens de um mar de gente a querer embarcar num navio. E as legendas referenciam como sendo em Tripoli, África e como sendo refugiados desesperados para fugirem para a Europa.
Abri um motor de busca e usei-o.
Comecei por pesquisar o nome do navio: Vlora.
Trata-se de uma cidade na Albânia. Pouco consentâneo, portanto, com fugas de África.
Em seguida pesquisei por imagens, usando uma das que agora estão replicadas. E fui dar com este site que mostra as mesmas imagens reportando o vigésimo aniversário da chegada de mais de 15000 Albaneses a Bari, na Itália. No ano de 1991.
Em caso de dúvidas, observe-se com atenção os trajes e as cores de pele destes desgraçados a tentarem embarcar e compare-se com o que temos visto dos que agora chegam à Europa.
O drama agora é francamente maior. Na altura das fotografias, foram os Albaneses bem mal-tratados em Itália.
Agora estão a morrer no mar.
Escusavam era de nos mentir com fotografias!
O site é este: http://imgur.com/gallery/
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